Disco: “Ritual”, White Lies

/ Por: Cleber Facchi 13/01/2011

White Lies
Indie Rock/Post-Punk/British
http://www.myspace.com/whitelies

Por: Fernanda Blammer

O trio Harry McVeigh (guitarras e vocal), Charles Cave (baixo) e Jack Lawrence-Brown (bateria) do White Lies deve ter ouvido muito (e bota muito nisso) o post-punk da década de 80 e seus futuros derivados. Devem ter passado noites em claro lamentando tardiamente a morte de Ian Curtis, provavelmente brigaram entre si em meio a discussões sobre qual disco do The Cure é o melhor ou ainda ficaram loucos quando no auge de sua juventude puderam acompanhar o surgimento do Interpol e todo o revival do gênero que tanto amam.

Todo esse amor dos britânicos por essa sonoridade viria em 2009 com To Lose My Life o álbum de estreia do trio. Repleto de guitarras rasgadas, uma bateria com eco, um baixo eficaz e os vocais graves (embora um pouco forçados) fizeram da banda uma das queridinhas da imprensa e do público britânico naquele ano, além de angariar seguidores pelo resto do mundo. Diferente do número absurdo de bandas que anualmente tenta ser o novo Joy Division (e obviamente não consegue), o grupo soube aproveitar suas referências no álbum de estreia com visível intensidade, o que foi suficiente para inseri-los nas principais listas de melhores discos daquele ano.

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E eis que em 2011 volta o White Lies com seu segundo disco e a sempre difícil provação de superar o trabalho de estreia. Para a produção do novo álbum, denominado Ritual, a banda foi atrás do produtor Alan Moulder para exercer seu pulso firme sobre as composições do grupo. E não havia escolha melhor que a dele para o segundo disco. Moulder sabe muito bem como lidar com bandas voltadas para uma sonoridade mais obscura, afinal, em sua extensa carreira musical já trabalhou com gente como The Cure, Nine Inch Nails, Billy Corgan, My Bloody Valentine e The Jesus and Mary Chain, sempre atuando como produtor ou fazendo a mixagem dos álbuns.

Um dos claros problemas no trabalho de estreia da banda em 2009 eram as faixas pouco desenvoltas e excessivamente básicas. Em boa parte das canções era o básico guitarra-baixo-bateria que ditava o som. Com o novo disco a instrumentação finalmente rompe seus limites e Moulder faz com que a banda estenda sua sonoridade ampliando o uso de sintetizadores além das guitarras visivelmente melhor desenvoltas.

Logo com Is Love, canção que abre o novo disco, a banda transita por uma sonoridade com toques de industrial repleto de batidas secas e uso constante de overdubs de guitarra criando eficazes paredões de som. Através da frequente inserção de teclados na faixa além de solos pontuais de guitarra é possível perceber ainda uma predisposição do grupo para a sonoridade eletrônica, mas calma, nada tão alarmante assim. Esse mesmo uso de teclados (em uma sonoridade voltada especificamente para órgãos, aqueles de igreja) a banda vai construindo as faixas seguintes. Canções como Stranger, Peace & Quiet e The Power & The Glory fogem facilmente do padrão simplista antes encontrado nas faixas da banda.

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Inegavelmente Ritual não dispõem do mesmo peso e agilidade nas canções que a banda fazia constante uso em seu projeto de estreia. Se o primeiro álbum vem marcado pelos anos iniciais do Post-Punk, com o segundo disco a banda se prende firmemente ao No Wave além de toques do rock gótico do The Cure e Sisters Of Mercy, além de visíveis referências aos suecos do The Mary Onettes (esse vindo dos anos 2000).

Tal qual o debut, o novo álbum vem recheado de boas faixas acessíveis ao público. É o caso da já mencionada canção de abertura, outras como Bad Love, Bigger Than Us e Holy Ghosts. Porém, as novas faixas não dispõem da mesma aceleração e batida quase dançante que vinha em canções como Death e To Lose My Life do disco anterior. A musicalidade de tais faixas foca-se em atingir o ouvinte muito mais pela emoção do que pelo ritmo, embora ainda seja possível dançar ao som delas. Ritual pode não ser um disco realmente grandioso, mas mostra que a banda venceu o fantasma do segundo álbum e pode seguir tranquilamente com sua carreira.

Ritual (2011)

Nota: 6.4
Para quem gosta de: Interpol, Editors e The Mary Onettes
Ouça: Strangers

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.