Disco: “Roar EP”, Dirty Gold

/ Por: Cleber Facchi 17/04/2011

Dirty Gold
Indie/Afrobeat/Dream Pop
http://www.myspace.com/dirtygoldmusic

Por: Cleber Facchi

Em meio ao batalhão de bandas tocadas pela sonoridade referencial ao ensolarado clima californiano (muitas delas cópias descaradas de grupos bem sucedidos), lampejos de criatividade ainda se fazem presentes, prova incontestável disso é o novíssimo (e aguardado) EP do trio Dirty Gold. Entretanto, enquanto a maioria de artistas do gênero segue com a mesma batida fórmula “surf+lo-fi”, a banda encontra no afrobeat, no dream pop e no reggae sua própria fórmula.

As primeiras aparições da banda aconteceram ainda em 2010, quando a então dupla lançou o single de California Sunrise, posteriormente transformado em Hidden Tresures EP, com o agregado da faixa Overboard. Trazendo essas mesmas canções já conhecidas do público e algumas faixas inéditas, o agora trio Grant Nassif e os irmãos Lincoln e John Ballif nos embalam com sua sonoridade vagarosa, transitando entre um Vampire Weekend da faixa Horchata e o um Beach House ensolarado.

Inédita, North abre o álbum com um misto de guitarras reverberando sonoridades voltadas ao afrobeat e uma pegada caribenha por conta da inserção de um Steel Drum. A discreta percussão ao fundo deixa transparecer a pequena faceta minimalista do grupo, tanto no quesito instrumental quanto nos arranjos de voz. A faixa encerra antes mesmo que você se habitue a ela, embora seja dotada de tempo mais do que suficiente para apresentar ao ouvinte do que se trata o singelo registro.

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E chega ela finalmente, com toda sua beleza California Sunrise (visivelmente mais limpa do que a versão original) mostra a que veio o grupo, que cruza a percussão tribal suave com um confortável arranjo de guitarras e teclados preguiçosos. Embora já conhecida, a cada nova audição a faixa revela algum detalhamento antes imperceptível, pode ser desde um acorde eventual ou os ecos de um teclado simplista, escondidos atrás dos vocais peculiares de Nassif.Na sequência mais uma faixa inédita, uma pouco mais enérgica (embora ainda evidenciando a levada preguiçosa do grupo) chega Sea Hare. Soando como um cruzamento entre Real Estate com Best Coast a canção é o limite máximo do que a banda expõe como seu lado roqueiro. Tanto as guitarras como a bateria acabam perceptivelmente emburradas para trás, deixando que os vocais de Grant obtenham todo o destaque.

O disco traz ainda a detalhista The Quiet Life, que como o próprio nome aponta evidencia o próprio estilo de vida de seus compositores. Um pouco menos inspirada pela temática calorosa das demais canções, a faixa abre espaço para que o trio possa desenvolver sua sonoridade de forma menos “lesada” e mais dinâmica, embora as camadas de guitarras e os vocais ecoados, típicos da sonoridade Dream Pop ainda marquem presença.

Por fim, a já conhecida Overboard (mais uma que ganhou uma boa remasterizada) fecha o disco mergulhando o ouvinte de vez dentro da sonoridade sonolenta do trio. O cuidado com que Roar EP é conduzido apenas evidencia o quanto (ainda) pode ser explorada a temática praieira, bastando apenas a percepção de que fórmulas redundantes geram trabalhos nada criativos.

Roar EP (2011)

Nota: 7.9
Para quem gosta de: Vampire Weekend, Real Estate e Beach House
Ouça: California Sunrise

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.