Disco: “Rolling Blackouts”, The Go! Team

/ Por: Cleber Facchi 17/01/2011

The Go! Team
Indie Rock/Hip-Hop/Noise Rock
http://www.myspace.com/thegoteam

 

O ano de 2010 não havia nem findado e já rolava por aí uma versão de Rolling Blackouts, o terceiro disco de estúdio do The Go! Team. O disco acabou causando um enorme burburinho, afinal, se já era possível ouvir um álbum tão bom como esse, imagine o que ainda estava por esperar em 2011. Contudo, o terceiro lançamento do sexteto inglês não era apenas um bom disco, mas excelente. Há quase quatro anos sem novidade, o grupo provou que o tempo serviu para aperfeiçoar ainda mais o grande liquidificador cultural que é a banda.

Quem ouve os discos do The Go! Team não ouve apenas o som feito por eles, mas sim a música feita por uma infinidade de artistas e referências que no curto tempo de cada canção já se tornam totalmente visíveis. Há de tudo no universo sonoro do grupo. Gritos ensaiados de cheerleader (é quase possível vê-las coreografando uma apresentação), Hip-Hop, toques profundos da música funk dos anos 70 e centenas de referências às trilhas sonoras de filmes de ação e principalmente à temática Blaxploitation. Ouvir qualquer álbum do grupo é como assistir a algum filme do Quentin Tarantino. Tanto os filmes do diretor como a sonoridade do grupo se orientam em frente a um grande pano de fundo, costurado por um sem número elementos referenciais.

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=ZMeJx1jP2C0]

Rolling Blackouts é visivelmente o trabalho mais pulsante do grupo comandado por Ian Parton que logo de cara manda um T.O.R.N.A.D.O. para cima do ouvinte. Uma ótima faixa trabalhada em cima de batidas eficazes de bateria e percussão, mas que ao vivo deve funcionar muito melhor do que no álbum. Em pouco mais de dois minutos o grupo já te mostra o que se trata o novo álbum te inserindo com precisão dentro da temática do disco.

Menos agitada, Secretary Song tem um clima de música pop dos anos 60. Trabalhada com bons teclados e pelos excelentes vocais de Kaori Tsushida e Chi Fukami Taylor, além da participação de Satomi Matsuzaki do Deerhoof. Contudo o clima tranquilo logo termina, já que logo vem Apollo Throwdown com seu clima festivo tal qual a canção de abertura, dessa vez puxado pelos vocais da sempre ótima Ninja. Ready to Go Steady é mais uma boa faixa pop enquanto Bust-Out Brigade comandada por um eficiente arranjo de metais te arrasta para dentro de algum filme de ação do início dos anos 80. Até aqui você já deve ter percebido que nominar a sonoridade do grupo dentro de algum gênero é praticamente impossível. No curto tempo de cada canção o grupo vai de um lado a outro passando por quase quatro décadas em questão de segundos.

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=0jlg3oBLkf4&feature=fvsr]

Buy Nothing Day é uma canção pop simpática marcada por boas doses de guitarras e pelos vocais delicados das vocalistas. O grupo dá até um toque mais acústico ao disco com Super Triangle, uma faixa instrumental com menos de dois minutos seguida por teclados viajados e que dão um clima tranquilo ao disco. Ainda no mesmo clima o grupo volta com Voice Yr Choice que com seus teclados e batidas dançantes que dão uma aura de filme Black dos anos 70, mas é com Yosemite Theme que a sonoridade típica de trilha sonora deixa claro o fascínio da banda pelo cinema.

A instrumentação da banda através de seus teclados, guitarras, baterias, percussão e arranjos diversos vêm realçados em The Running Range, sempre acompanhados pelos vocais marcantes das três vocalistas. Já Lazy Poltergeist, guiada apenas por um piano, se afasta completamente do todas as demais faixas do álbum, provando que não há limites para a criatividade e sonoridade do grupo. A roqueira faixa título mostra que a banda sabe pesar quando quer, mesmo com os vocais quase angelicais que acompanham a música. Back Like 8 Track facha o disco e consequentemente o universo de texturas e sons do The Go! Team. O agregado de elementos que construiu todo o álbum se faz presente na canção, agora acompanhado por pequenos gritos comemorativos ao fundo e um ritmo que faz lembrar final de filme, dá quase para imaginar os créditos subindo e aquele “The End”. Rolling Blackouts é como aqueles filmes que quando você assiste sai já comentando da sala de cinema e não vê a hora de uma nova sequência. Afinal, a franquia The Go! Team está só começando.

Rolling Blackouts (2011)

 

Nota: 8.7
Para quem gosta de: Deerhoof, Sleigh Bells e Of Montreal
Ouça: Bust-Out Brigade

 

Por: Cleber Facchi

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.