Disco: “Rolling Papers”, Wiz Khalifa

/ Por: Cleber Facchi 19/04/2011

Wiz Khalifa
Hip-Hop/Rap/Underground Hip-Hop
http://www.myspace.com/wizkhalifa

Por: Cleber Facchi

Quem assistiu a Wiz Khalifa no domingo (17), abrindo o último dia da edição do Coachella 2011, pode ter uma boa mostra da funcionalidade do rapper em suas apresentações ao vivo. Com Rolling Papers (2011), seu terceiro disco de estúdio, o norte-americano chega mais próximo desse mesmo resultado ao vivo, embora acabe seguindo por alguns clichês e momentos nem tão inspirados ao longo do álbum. Com produção fracionada em diversos nomes do hip-hop contemporâneo, Khalifa encontra aquele que deve ser seu caminho para a música pop.

Assim como aconteceu com Kid Cudi em seu último disco – Man On The Moon II: The Return Of Mr. Rager (2010) – o rapper de deixa partes do seu passado na Pennsylvania para trás (tema bastante recorrente nos dois primeiros álbuns do artista), em prol de um som e letras que representem seu atual cotidiano. Dessa forma, a juventude sofrida pelas ruas de Pittsburgh, sua cidade natal, acaba de lado, fazendo com que Wiz traga agora suas experiências com o álcool, a cocaína, as festas e toda a agitação de sua vida no presente momento, substituição temática mais do que necessária, afinal, seria cansativo ver o rapper batendo na mesma tecla novamente.

A primeira grande mudança no novo disco de Khalifa não está nas histórias que são contadas, mas na qualidade do som. Rolling Papers é o primeiro trabalho do artista através de uma grande gravadora (Atlantic Records), o que por si só explica a ausência do caráter anárquico e em alguns momentos até caseiro encontrado nos dois discos anteriores, quando trabalhava de forma independente. A limpidez no som e o acesso a novas formas de gravações possibilitam que o rapper busque por novas texturas, samplers e ritmos ao longo do álbum, tendo no desenvolvimento de uma levada dançante seu maior foco.

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Embora haja um visível descontentamento por parte da crítica norte-americana em relação ao novo álbum de Wiz, por conta dessa aproximação com um som mais comercial, o rapper consegue ao longo das 14 faixas desse novo trabalho (poderiam ser menos) alcançar uma espécie de padrão e formas bem definidas, algo pouco encontrado anteriormente. A busca por ritmos fáceis, refrões pegajosos e letras mais descontraídas embora fiquem aquém de seus primeiros registros ficam muito acima da média de outros artistas “comercialmente viáveis”.

Entre os momentos em que há um bom casamento entre as referências do passado com o presente estão Black and Yellow e Wake Up, ambas com produção do músico norueguês StarGate, que já trabalhou com Katy Perry (Firework), Rihanna (Rude Boy) e Beyoncé (Irreplaceable) e consequentemente sabe como ministrar como ninguém boas melodias e sonoridades pop. Entre os momentos que mais aproximam o rapper de suas antigas influências estão as faixas com produção de I.D. Labs, que faz com que as aproximações com um som comercial sejam feitas de maneira menos intensa ou ainda respeitando o histórico de Wiz, faznedo nascer canções como Cameras e Get Your Shit.

O grande erro de Rolling Papers são seus excessos, faixas como Fly Solo, por exemplo, poderia ser deixadas de lado com tranquilidade, em prol de um trabalho mais polido e de melhor absorção. O álbum também serve para mostrar essa transição entre o artista underground para dentro do cenário mainstream, o que obviamente pode trazer descontentamentos a velhos seguidores, ao mesmo tempo em que abre as portas para novos ouvintes. Wiz Khalifa tem mais é que tirar proveito disso tudo, embora deva manter uma ponta com suas origens, afinal, pelos discos anteriores fica mais do que obvio que dessa relação com pop ainda teremos um bom álbum, realmente digno dos versos do rapper.

Rolling Papers (2011)

Nota: 7.5
Para quem gosta de: Kid Cudi, Curren$y e Big Sean
Ouça: Black and Yellow

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.