Disco: “Romantic Comedy”, Big Troubles

/ Por: Cleber Facchi 24/09/2011

Big Troubles
Indie Pop/Lo-Fi/Shoegaze
http://www.myspace.com/inbigtroubles

Por: Fernanda Blammer

Enquanto todos os expoentes do ainda crescente cenário voltado ao noise pop ou aos sons lo-fi que inundaram os Estados Unidos no ano passado mantinham suas bases no surf-rock dos anos 60, bem como em algumas experiências pelo garage rock das décadas de 1970 e 1980, o quarteto de Nova Jersey, Big Troubles, optou por “novas” possibilidades musicais. Worry, primeiro disco da banda mantinha as mesmas exaltações garageiras e a pegada surf que se expandia com intensidade naquele momento por todo território norte-americano, entretanto, o encontro com o indie rock dos anos 90 era a deixa para um álbum bem resolvido e que escapava dos sons básicos até então anunciados.

É justamente ao estreitar ainda mais esses mesmos laços com a música lançada há mais de duas décadas que a banda chega com Romantic Comedy (2011, Slumberland Records), segundo álbum do grupo e um registro ainda melhor desenvolvido que seu antecessor. Colecionando referências ao trabalho de grupos como Pavement, Guided By Voices ou mesmo todo o panteão de artistas que deram vazão aos sons do rock shoegaze britânico, a banda rompe algumas ligações com seu passado recente em prol de um disco carregado pelas guitarras e pequenos ruídos controlados.

Fazendo uso de letras apaixonadamente românticas ou mesmo pequenas desilusões amorosas típicas de jovens adultos, a banda formada por Alex Craig, Ian Drennan, Sam Franklin, Luka Usmiani faz com que cada uma das 10 curtas faixas do álbum sejam presenteadas por um básico, porém suficientemente agradável agregado de guitarras temperadas de forma suja, porém, ainda assim delicadas. Dos acordes melódicos e nostálgicos da canção de abertura She Smiles for Pictures (com vocais e uma forma de cantar que lembram muito Stephen Malkmus) ao fecho com a oitentista Never Mine, tudo se posiciona de maneira confortável e doce dentro do disco.

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Não há como negar a grande similaridade entre a sonoridade apresentada pela Big Troubles e as composições do The Pains Of Being Pure At Heart, principalmente aquelas relacionadas ao primeiro trabalho da banda nova-iorquina. A linha de guitarras que trafegam tanto pelo shoegaze quanto pelo Dream Pop em nenhum momento se desligam de uma propriedade pop e totalmente melódica, fazendo com que a banda, mesmo sem promover um som demasiado complexo ou dotado de grande exaltações instrumentais seja capaz de fisgar o ouvinte sem muito esforço.

Belo exemplo da habilidade do grupo em promover composições cuidadosamente harmônicas e deliciosamente conduzidas de forma suave está em Make It Worse, faixa que abandona qualquer predisposição praieira de outrora e investe em um som mais urbano, porém não acinzentado, com a banda intercalando versos fáceis com acordes melódicos. O mesmo se repete ainda em Softer than Science e Engine, essa última uma música que consegue encantar o ouvinte, mesmo se apoiando em uma sonoridade essencialmente básica e que retoma o diálogo com a surf music de outrora, talvez até uma versão pop e descompromissada de algo feito pelo Real Estate.

Ciente de suas limitações – ou talvez buscando por um resultado que soe pequeno, porém suficientemente interessante – o quarteto converte suas composições nada complexas à seu favor, resultando em um álbum que cresce e encanta por sua simplicidade. Mesmo a ausência de canções mais grandiosas não impedem que o disco corra tranquilo ao longo de seus 34 minutos, apresentando ao ouvinte belas e cuidadosas sequências instrumentais, versos que se abrigam fáceis em nossos ouvidos, além de uma aura delicada que se estende pelos quatro cantos do álbum.

Romantic Comedy (2011, Slumberland Records)

Nota: 7.5
Para quem gosta de: Smith Westerns, Beach Fossils e The Pains Of Being Pure At Heart
Ouça: Sad Girl e Never Mine

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.