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Críticas

Danger Mouse & Daniele Luppi

: "Rome"

Ano: 2017

Selo: Capitol

Gênero: Rock Alternativo, Soul

Para quem gosta de: Danger Mouse e Daniele Luppi

Ouça: The Rose With a Broken Neck

8.0
8.0

Disco: “Rome”, Danger Mouse & Daniele Luppi

Ano: 2017

Selo: Capitol

Gênero: Rock Alternativo, Soul

Para quem gosta de: Danger Mouse e Daniele Luppi

Ouça: The Rose With a Broken Neck

/ Por: Cleber Facchi 10/05/2011

No mundo da música, qualquer trabalho que venha com o “selo” Danger Mouse de participação, produção ou mixagem mais do que imediatamente carrega o rótulo de “aprovado”, como se a simples presença do músico e produtor Brian Joseph Burton (seu real nome) automaticamente descartasse todos os possíveis erros dentro do projeto. Seguindo o mesmo padrão de qualidade, Rome (2011), novo trabalho do produtor e desenvolvido ao lado do compositor Daniele Luppi, obviamente não decepciona, apresentando um Burton ainda mais inusitado, que vai nos filmes de Spaghetti Western encontrar inspiração para o novo projeto.

É bem provável que o grande acerto de Danger Mouse ao iniciar um novo disco seja sua completa entrega, com o músico explorando os temas, nuances e sons em questão ao máximo, num exercício de auto-aprendizado e preparação. Foi assim com o parceiro Cee-Lo Green no Gnarls Barkley, reconfigurando a soul music a seu favor; obteve a mesma satisfação no climático Dark Night of the Soul (2010), desenvolvido em conjunto com Sparklehorse e David Lynch; ou mesmo nas diversos outras parcerias que vai desenvolvendo no meio musical, trabalhando com gente como Beck (Modern Guilt, 2008), Danger Doom (The Mouse & The Mask, 2005) ou no recente Broken Bells, parceria com James Mercer do The Shins.

Rome não é diferente dos outros trabalhos do músico, que encontrou em inúmeras audições de trilhas sonoras antigas, conversas com compositores da época e até na mudança do ambiente de gravação seu ponto de apoio para o novo álbum. Luppi, que é italiano e trabalha na produção de trilhas sonoras para as mais variadas películas foi também o responsável por guiar Mouse dentro da nova empreitada, o apresentando à músicos conterrâneos e em conjunto com o norte-americano, gerando toda a climatização épico-romântica que se faz presente no disco.

O ponto central do trabalho está na adoração de ambos os músicos pela vasta discografia de Ennio Morricone, compositor das trilhas sonoras de O Bom, O Mal e o Feio, Por um Punhado de Dólares, Era Uma vez no Oeste, Era Uma Vez na América, além de outros registros mais, que definiram de vez toda a temática levantada dentro gênero cinematográfico Western. Tanto que para o desenvolvimento da parceria, Luppi e Mouse foram atrás de músicos que trabalharam ao lado de Morricone na construção de tais trilhas, dentre eles Alessandro Alessandroni, musico que colaborou em mais de 40 filmes, inserindo o uso da guitarra nas películas.

Ao mesmo tempo em que a dupla mergulha no passado para construir faixas repletas de sensações, adornadas por um instrumental épico e detalhes soberanos, a participação de artistas contemporâneos na gravação dos vocais é o que dá complemento ao disco. Vem daí Norah Jones e Jack White, que juntos vão pontuando o álbum com toques de melancolia (Season`s Trees), lirismo (The Rose With a Broken Neck), angústia (Two Agains One) e romance (Black) em uma verdadeira trama que lentamente vai construindo o cenário de um filme em nossa mente.

Embora Rome soe em determinados momentos muito similar ao que a dupla francesa Air (em parceria o escritor italiano Alessandro Baricco) desenvolveu no álbum City Reading (2003), o jogo de sensações e a instrumentação flexível de disco o tornam um registro independente. O álbum se revela como algo diferente de qualquer coisa que Danger Mouse já tenha construído, prova de que há uma total entrega do produtor em meio a ambientação desenvolvida ao longo do álbum. Até a dupla de cantores (principalmente Jack White) deu uma nova entonação nos vocais durante o registro das faixas, mostrando que Rome não é apenas um trabalho realizado por saudosistas, mas por indivíduos totalmente entregues à proposta do projeto.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.