Disco: “SBTRKT”, SBTRKT

/ Por: Cleber Facchi 21/06/2011

SBTRKT
Electronic/UK Garage/Dubstep
http://www.myspace.com/subtractone

Por: Fernanda Blammer


Se desde os primórdios as máscaras surgem como um elemento pensado para ocultar a imagem original de algum indivíduo ou proporcionar algum tipo de transformação em seu usuário, tal utensílio tem seus objetivos aplicados de maneira inversa dentro do trabalho do inglês Aaron Jerome. Oculto sob um visual artesanalmente produzido, o produtor britânico usa de seu aspecto talhado uma forma de promover sua música, proporcionando o que parece ser um ritual xamã eletrônico em que o músico se mantém como o grande guru e condutor de tal celebração.

Mesmo seguindo pelas mesmas tendências da música eletrônica explorada em grande parte do atual panorama musical britânico, em que os ritmos dissidentes do UK Garage tomam proporções de grande destaque, Jerome – que em seus rituais atua sob a alcunha de SBTRKT – esquiva-se de minimalismos assombrosos ou composições excessivamente esvoaçadas, partindo para a criação de um som mais conciso, fácil, e tão detalhista quanto o que é trabalhado por seus conterrâneos. Pinçando essências do dubstep, soul, pop, R&B e da música eletrônica dos anos 90, o produtor abre as portas de sua estreia nos fornecendo um recheado de ritmos e tendências variadas.

Diferente do tipo de som que parece servir de base para projetos como Burial e James Blake, a homônima estreia do SBTRKT se prende a um tipo de acústica que se desvencilha do etéreo ou dos excessos de experimentação. O álbum traz uma musicalidade mais terrena, impedindo a todo momento a condução de um ritmo que flutue demais, soando bem próximo da estreia do Mount Kimbie e em alguns momentos mantendo as mesmas preferências exploradas por Steven Ellison em seu Flying Lotus.

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Se Jerome atua como o grande condutor do ritual sintético que se instala nas frequências do álbum, então é o coro de vozes que o acompanha o elemento responsável por dar à celebração uma funcionalidade hipnótica. Em grande parte do registro Aaron vem acompanhado do cantor Sampha, responsável por dar ao disco um toque necessário de soul music, movimentando as faixas Hold On, Trials Of The Past, Something Goes Right e Never Never, uma das composições mais suaves de todo o trabalho.

Quem também empresta seus vocais são as cantoras Jessie Ware (em Right Thing to Do e Sanctuary), Roses Gabor (na faixa Pharoahs) e Yukimi Nagano do grupo sueco Little Dragon, que ao lado de Jerome dá vida à faixa Wildfire, canção que abandona a suavidade proposta nas demais músicas e parte para uma sonorização acalentada e bem mais voltada ao pop. Nas demais faixas do disco – Heatwave, Ready Set Loop e Go Bang -, o produtor assume individualmente as composições, produzindo uma trama de batidas, synths e ruídos que correspondem ao lado mais experimental e viajado do álbum.

Ao termino do ritual – que dura pouco mais de 40 minutos -, o ouvinte se sente satisfeito e pronto para mais uma sequência das mesmas transformações sonoras reproduzidas pelo disco. A busca por um trabalho centralizado, que se mantém entre o conceitual e o acessível é o que dá destaque e faz com que a estreia do SBTRKT ganhe força em sua rotação. Embora indisposto de grandes hits, o álbum prende pela reprodução agradável das faixas e eficiente reduto instrumental que Jerome proporciona.

SBTRKT (2011)

Nota: 7.7
Para quem gosta de: Mount Kimbie, Flying Lotus e Katy B
Ouça: Wildfire

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.