Disco: “Science”, Cinnamon Chasers

/ Por: Cleber Facchi 27/01/2011

Cinnamon Chasers
Electronic/Indie/Electro
http://www.myspace.com/cinnamonchasers

 

Ao contrário de boa parte dos produtores britânicos de música eletrônica, que atualmente vem apostando no dubstep como o som da vez, Russ Davies ou Cinnamon Chasers faz sua estreia produzindo um álbum com boas batidas convencionais. Livre de minimalismos e faixas contidas, o trabalho denominado Science (2011) vem repleto de faixas dançantes embaladas diretamente para as pistas e que precisam livrar o produtor do fantasma da canção Luv Deluxe. A música lançada no final do ano passado ganhou enorme popularidade, mas em boa parte por seu excelente clipe, o que acabou deixando a dúvida se Davies conseguiria ou não repetir a mesma fórmula.

Rocker, canção que abre o disco, mostra já de cara no que se baseia a sonoridade do produtor londrino. Batidas dançantes que remetem ao final dos anos 90, sintetizadores no melhor estilo Daft Punk da fase Discovery, alguns toques de indietronic e muita pegada pop. Em alguns momentos não há como negar uma profunda similaridade com canções que poderiam facilmente entrar na “clássica” coletânea Summer Eletro Hits, do nosso querido e eterno apresentador Luciano Huck. Porém, isso apenas demonstra a facilidade do músico em gerar composições fáceis e que consigam atingir todos os gostos.

Se o objetivo do Cinnamon Chasers é fazer um álbum para dançar, então não há o que questionar. Os quarenta minutos do disco servem certinho como um bom DJ set. Não vá esperando por nada marcante, batidas aceleradas ou grandes reinvenções sonoras. Science é um trabalho que acerta por fazer o básico. Smooth Station pega uns toques de música eletrônica dos anos 80, vocais duplicados e um tecladinho que parece ter saído de algum jogo de aventura para Playstation. Nada para você ficar ouvindo a todo e qualquer momento, serve apenas para as pistas e ponto.

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Dove é aquela canção que espera por algum bom remix. Mesmo mais lenta ela serve para dar aquele clima à pista, além do retorno dos “tecladinhos de videogame”, que não vão embora tão cedo. Magic Lover com um baixo funkeado e vocais tunados te joga de volta para a dança. Em Have I Said Something o produtor se aproxima claramente de um som voltado para a IDM e justamente por isso faz o grande acerto do disco. Mais extensa, a faixa abre um leque de opções a Davies, que junto de seus contornos pop dá ao disco uma faixa concisa carregada pelo uso experiente dos teclados.

A linha Inteligent Dance Music se mantém com One Million Balloons em que músico deixa de lado o pop inicial para trabalhar em cima de pequenos acréscimos através da faixa. Os acordes milimétricos de sintetizadores remetem um pouco a Four Tet, apesar de o lado fácil do produtor nunca ser deixado de lado.

Cuts Like Fire é a faixa que mais se afasta das demais composições do álbum. Os vocais de Russ Davies vem melhor aproveitados e assim como a instrumentação recebem um acréscimo de energia, além das batidas mais firmes. O encerramento do disco fica por conta da faixa Tatoo, um ótimo exemplar de synthpop típico da década de 1980. Inteiramente instrumental a faixa mostra o poderio do Cinnamon Chasers com a construção das faixas e assim como em Have I Said Something permite que o produtor possa se aprofundar ainda mais no som que constrói.

 

Science (2011)

 

Nota: 7.0
Para quem gosta de: Cut Copy, Miami Horror e Dntel
Ouça: Have I Said Something

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.