Disco: “See The Light”, Jessica 6

/ Por: Cleber Facchi 30/04/2011

Jessica 6
Electronic/Disco House/Dance
http://www.myspace.com/jessicasix

Por: Fernanda Blammer

Como foram bons os anos 90 e todo o batalhão de artistas da música eletrônica que ainda hoje deixam profundas marcas na nova geração de artistas. O mais recente exemplo da funcional sonoridade explorada nas pistas do mundo todo há duas décadas (poxa, faz tempo) é o disco de estreia de Nomi Ruiz, que ao lado dos parceiros Andrew Raposo e Morgan Wiley formam o Jessica 6, projeto nova-iorquino que brinca com a Disco House como quem realmente entende do assunto. É hora de se produzir e se jogar na pista ao som de See The Light (2011).

Não, essa voz não lhe é estranha, afinal, Ruiz (que é transexual) já participou de uma série de projetos antes de se aventurar ao lado dos dois ex-integrantes do Automato. Entre os maiores destaques estão as empreitadas ao lado das irmãs Casady do Cocorosie, trabalhos ao lado de Debbie Harry do Blonde, e, principalmente, a fundamental participação no disco de estreia do Hercules & Love Affair em 2009, onde ao lado do produtor Andy Butler, Nomi se embrenhou nas mesmas vias noventistas que explora em seu atual trabalho.

Ao contrário da estreia solo de Nomi em 2005, através do disco Lost in Lust, esse debut do Jessica 6 é um trabalho que vai bem da primeira à última faixa, o tipo de disco que deve ser esquecido em plena rotação no meio da festa e que deve ser mais do que suficiente para assumir as responsabilidades durante toda a noite. A bela tapeçaria instrumental desenvolvida por Raposo e Wiley fazem com que o disco soe diversos retrospectos, mas sem em nenhum momento se perder em meio a nostalgias, quase como se o álbum funcionasse como uma grande máquina do tempo, transportando o ouvinte para dentro do panorama sonoro da época.

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Se Blue Songs (2011), novo trabalho do Hercules & Love Affair não conseguiu agradar em sua totalidade,  See The Light parece atuar de maneira oposta, fechando todas as arestas com boas camadas de sintetizadores, batidas reforçadas e coros de vocais esporádicos que apenas engrandecem essa pequena obra dançante. O trio até convida Antony Hegarty (do Anthony and The Johnsons) para que este empreste sua voz forte à faixa Prisioner Of Love, no melhor estilo Blind do H&LA, claro que de maneira mais pop e light.

Cada uma das 13 faixas representam um estágio na pista de dança. Há desde a comodidade pop de faixas como White Horse, um perfeito arrasa-quarteirões; pérolas construídas exclusivamente para explodir dançando, como U Motion (com aquele “quê” de Corona); momentos românticos, feitos para se dançar à dois, como Not Anymore e Blessed Mother, além de diversos outros hits certeiros, como Freak The Night, In The Heat (mais anos 90 impossível) e Prisioner of Love, tendo sempre nos vocais andróginos de Ruiz o ponto máximo do álbum.

Além do material radiofônico que se concentra nas primeiras camadas do disco, outras composições como Stars in Your Eyes entregam à dupla de produtores um bom espaço para que estes de fato entreguem todo seu potencial, construindo uma quase etérea cama de sons e texturas que se entrelaçam tanto com elementos da música psicodélica quanto do experimentalismo.  See The Light seria ainda melhor se eliminasse alguns pequenos excessos, assumindo de vez a real postura do trio, que é a de fazer dançar.

See The Light (2011)

Nota: 7.4
Para quem gosta de: Hercules & Love Affair, Nomi Ruiz e Holy Ghost!
Ouça: Prisioner Of Love

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.