Disco: “Shangir-La”, YACHT

/ Por: Cleber Facchi 07/06/2011

YACHT
Electronic/Experimental/Dance
http://teamyacht.com/

Por: Fernanda Blammer

Com o fim do LCD Soundsystem (por favor James Murphy, volte!) abrem-se as portas para que um possível nome assuma o título de grande rei da eletrônica contemporânea. Embora (por enquanto) ninguém seja capaz de suprir a gigantesca lacuna deixada pelo projeto nova-iorquino, alguns produtores, bandas e mais variados projetos partem para a briga, lançando trabalhos que visem posicioná-los no topo das paradas e das pistas de dança. Com Shangi-La (2011), a dupla YACHT entra de vez na luta, apresentando um álbum ainda mais pop e viciante que seus anteriores trabalhos.

Se ao lançarem See Mistery Lights em 2009, o duo Jona Bechtolt e Claire L. Evans alcançava o que parecia ser seu ápice, com o novo álbum – quinto registro da carreira da banda, que começou suas atvidades em 2002 – a dupla mostra que ainda é cedo demais para definir limites aos seus trabalhos. Menos experimental e ainda mais fácil de ser absorvido, o novo álbum se concentra na já tradicional fórmula da banda de Portland, Oregon, explorando composições que unem o orgânico e o sintético em uma única linhagem.

Ao contrário do que o trabalho anterior apontava, neste quinto disco a dupla se afasta do que poderia ser um lançamento excessivamente grandioso, dando origem a um álbum que embora se apresente em um formato poderoso, mantém-se como um registro despojado e até simplista em certos momentos. Quando Dystopia, primeiro single do disco saiu em meados de março, os ouvintes do Yacht tiveram uma boa noção do que o álbum novo preparava. Vocais pegajosos, sintetizadores chiclete e uma climatização propensa às pistas, ou seja, tudo aquilo que o duo norte-americano sempre soube fazer, porém de maneira ainda mais dinâmica e divertida.

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Quem imaginava que aquele fosse o grande arrasa-quarteirões do novo álbum terá em Shangi-La uma sequência de canções surpreendentes. Para abrir o novo disco com a faixa Dystopia, a dupla se adorna de uma sequência de guitarras e uma percussão carregada de elementos regionais. A veia Dance Punk que já era encontrada nos primeiros álbuns da dupla volta a aparecer, expondo-se de forma ainda mais intensa. Tal tendência é apresentada com empenho em I Walked Alone, disparada uma das melhores do novo disco e que se concentra dentro da mesma sonoridade exposta  no primeiro álbum do LCD Soundsystem ou na curta discografia do The Rapture.

Mesmo nos momentos de maior “calmaria”, como em Love In The Dark ou na faixa que nomeia o álbum, o cuidado com que Bechtolt constroi as composições é revelado de forma surpreendente. Enquanto na primeira o ritmo foca em um tipo de som quase sombrio (lembrando o The Knife em alguns momentos), a segunda ganha contornos quase místicos, com os vocais de Evans se derramando sobre as texturas coloridas de sintetizadores que delimitam a faixa. Entretanto é nas músicas puramente dançantes que o álbum revela todo seu potencial, apresentando o YACHT que tanto gostamos.

O que não faltam são canções propensas às pistas de dança. Holly Roller, Beam Me Up, a extensa Tripped an Fell In Love, Paradise Engineering, além da tríade de abertura são algumas das composições em que ficar parado se revela em um erro sem limites. Talvez anunciar o duo de Portland como prováveis substitutos do mestre James Murphy ainda seja algo excessivamente precipitado, entretanto, a vivacidade com que as músicas são construídas, somado ao ilimitado uso de instrumentos explorados dentro do disco acabam revelando fortes candidatos nessa intensa guerra das pistas que acaba de iniciar.

Shangri-la (2011)

Nota: 7.0
Para quem gosta de: LCD Soundsystem, The Rapture e Holy Ghost!
Ouça: Dystopia

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.