Disco: “Showroom of Compassion”, Cake

/ Por: Cleber Facchi 10/01/2011

Cake
Alternative/Rock/Indie
http://www.myspace.com/cake

 

Já faz bastante tempo desde que os californianos do Cake nos presentearam com alguma coisa nova, sete anos para ser mais exato desde o lançamento de Pressure Chief (2004), último álbum com faixas inéditas. Tudo bem que nesse meio tempo a banda de John McCrea nos entregou um satisfatório disco com sobras de estúdio e algumas versões para canções de outros artistas (B-Sides and Rarities, lançado em 2007), porém ainda era pouco para saciar a sede de seus fãs.

Em 2008 para atrasar ainda mais a produção do novo disco a banda resolveu mudar drasticamente seu comportamento em relação ao meio ambiente. Montou um estúdio que funciona inteiramente com energia solar, a fim de cumprir com sua parte na preservação do planeta. Instalados no novo estúdio ecologicamente correto o grupo podia finalmente finalizar seu mais novo trabalho de estúdio, Showroom of Compassion (2011), o sexto álbum desde a estreia com Motorcade of Generosity em 1995.

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Passadas algumas audições para perceber o terreno escolhido no novo disco e uma constatação: nada mudou na sonoridade do grupo de Sacramento. O mesmo baixo funkeado, as mesmas guitarras tocando os mesmos acordes característicos, o inalterável vocal peculiar de McCrea e o mesmo arranjo de metais que acompanhou a banda por toda sua carreira. Ou seja: tudo igual ao que era antes, o bom e velho Cake.

Mas espere aí. Isso não é ruim? Fórmulas repetidas, nada de inovação? Pode até ser, mas se você acompanha o grupo sabe que desde o segundo disco de estúdio deles, Fashion Nugget (1996), que nada soa diferente na carreira do grupo e eles sabem muito bem disso. O Cake não está nem aí para salvar o rock, apresentar algo revolucionário para a indústria musical ou enviar uma mensagem para mudar a vida das pessoas. A banda só quer saber de lançar um disco, fazer uma turnê por aí e curtir a vida. Se você ainda não entendeu isso, então vá buscar a resposta para seus problemas em outro grupo, mas se você assim como a banda só quer ouvir um som e relaxar, então o Cake é a banda certa.

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O som você já conhece, uma base tranquila de baixo, guitarra, bateria e alguns acordes esporádicos de teclado para dar charme à canção. De repente entra aquele solo de trompete, típico das faixas do grupo, instalando uma aura hora jazzística, hora voltada para o Ska. Comparado aos trabalhos anteriores do grupo Showroom of Compassion é obviamente o lançamento mais acomodado da banda. Não existem grandes hits, talvez Mustache Man (Wasted), mas ainda assim nada tão radiofônica, nada que se compare com Wheels, No Phone ou Short Skirt Long Jacket (sim, a canção que abre os episódios da série Chuck).

As melhores canções do disco são justamente aquelas que se prendem aos arranjos de teclados para se orientar, como na instrumental Teenage Pregnancy e em Easy To Crash. Bound Away com seu climão country também agrada, embora seja com a melódica e sofisticada Italian Guy que a banda ganha o ouvinte entregando uma instrumentação pontuada por um delicioso arranjo de cordas. Ao término a sensação de trabalho cumprido por parte do Cake, e mais um disco em sua coleção para garantir momentos agradáveis.

 

Showroom of Compassion (2011)

 

Nota: 7.0
Para quem gosta de: Beck, Streetlight Manifesto e Móveis Coloniais de Acaju
Ouça: Teenage Pregnancy

 

Por: Cleber Facchi

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.