Disco: “Shrink Dust “, Chad VanGaalen

/ Por: Cleber Facchi 07/05/2014

Chad VanGaalen
Indie Rock/Alternative/Experimental
https://www.facebook.com/ChadVangaalen

Por: Fernanda Blammer

Durante mais de uma década Chad VanGaalen sempre esteve confortável em uma sonoridade que parecia estruturada para o isolamento de sua obra. Na trilha de grande parte dos cantores e compositores norte-americanos, o músico de Calgary, Canadá fez de obras como Infiniheart (2004) e Soft Airplane (2008) retratos tímidos do próprio detalhamento acústicos de suas canções. Entretanto, desde a chegada de Diaper Island (2011), os rumos do músico se alteraram, enveredando de forma decidida para um som experimental, mas que se resolve em essência com a chegada de Shrink Dust (2014, Sub Pop).

Mesmo que o caráter brando de Cut Off My Hands dê sentido ao novo álbum, as guitarras de Where Are You, apresentadas logo em sequência, reforçam o novo enquadramento da obra: muito mais psicodélica e aventureira. Como em Diaper Island, o presente registro mergulha de cabeça na busca por nova possibilidades, tratando desde distorções fragmentadas, vozes sujas e versos lisérgicos, até argumentos simples, como os que apresentaram a obra do músico canadense no começo dos anos 2000.

Sem que exista um sentido de ordem aparente, VanGaalen assume o desequilíbrio como uma solução. Brincando com as próprias preferências, o músico faz de cada faixa no decorrer da obra uma natural surpresa para o ouvinte. Afinal, enquanto Frozen Paradise reverbera como uma manifestação curiosa da presente fase do cantor, atravessando a essência dos anos 1960, a sequência sustentada por Lila e Weighted Sin reverberam oposição. São minutos de profunda calmaria e confissão, com o cantor se acomodando em um ambiente doce, típico do cancioneiro estadunidense – meio folk dos anos 1990, meio country.

Da mesma forma que a criatura mutante que estampa a capa do disco, Shrink Dust é uma representação das diferentes colagens de experiências assumidas por VanGaalen ao longo dos anos. São vocalizações que se desprendem da estética do “singer-songwriter”, abastecendo o ouvinte com pequenas possibilidades. Mesmo Monster, faixa que encerra a primeira metade do álbum, parece servir como uma manifestação autêntica desse universo. Um meio termo constante entre o pop e o experimental, tendência que arremessa o músico para diferentes décadas, refletindo a versatilidade do álbum.

A imposição dinâmica e tomada pelas referências que definem o disco, entretanto, de forma alguma fazem do álbum um registro inexato. Pelo contrário, todas as canções dissolvidas pela obra mantém firme a homogenidade dos conceitos, que encontram na lírica particular do cantor uma espécie de cola para as diferentes tendências instaladas no trabalho. Seja ao equilibrar guitarras sujas e vozes distorcidas, como em Leaning On Bells, ou ao mergulhar em sofrimento, caso de Hangman’s Son, nada ultrapassa o cercado de VanGaalen, que administra bem o teor complexo/aconchegante do trabalho.

Tão gracioso quanto equivocado, Shrink Dust flutua como uma obra de possibilidades não apenas dentro do próprio universo, mas em relação aos próximos inventos de seu criador. Diferente dos trabalhos passados, em que havia uma sensação de crescimento entre as obras, com o quinto álbum VanGaalen parece ter encontrado um pequeno ápice, tornando o caminho para os próximos discos uma espécie de página em branco, à espera de ser rabiscada.

 

Shrink Dust (2014, Sub Pop)

Nota: 7.6
Para quem gosta de: Mikal Cronin, Woods e Angel Olsen
Ouça: Where Are You, Cut Off My Hands e Frozen Paradise

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.