Disco: “Skyline”, Yann Tiersen

/ Por: Cleber Facchi 18/10/2011

Yann Tiersen
French/Instrumental/Experimental
http://www.yanntiersen.com/

 

Por: Fernanda Blammer

Esqueça o compositor que durante boa parte da década passada foi responsável por nos encantar com seus arranjos musicais encorpados e uma vasta discografia entalhada em sons puramente sutis. Embora pareça estranho, é exatamente isso que sentimos ao nos deparar com Skyline, sétimo e mais novo álbum individual do renomado instrumentista francês Yann Tiersen. Longe do minimalismo orquestral de outrora, o músico responsável pela trilha sonora de filmes como O Fabuloso Destino de Amélie Poulain chega agora com um registro que mesmo ambientado em uma sonoridade suave, aponta para novos e ainda mais envolventes rumos.

Distante das experiências pouquíssimo inspiradas de seu último e ainda recente álbum, Dust Lane, lançado há exatamente um ano, Tiersen se afunda na produção de um registro ainda mais experimental. A música erudita entoada em contornos de música pop que tanto definiram a carreira do artista na última década surge agora em novo formato, menos atmosférica e muito mais intuitiva, com o músico e a pequena orquestra que o acompanha arriscando novas experiências instrumentais.

Embora capaz de garantir algumas memoráveis composições, em seus álbuns de estúdio Tiersen nunca foi capaz de desenvolver um trabalho verdadeiramente interessante, ficando sempre atrás de suas colaborações ou de seus sempre elogiados registros ao vivo. Essa tradição, entretanto, parece finalmente quebrada, algo que a excêntrica e doce faixa de abertura, Another Shore, consegue comprovar de forma hábil, com o músico se aproximando das guitarras enquanto os demais instrumentos vão correndo despretensiosamente ao fundo.

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Tomado por um espírito vanguardista, o compositor vai lentamente construindo pequenos blocos sonoros de mínimas experimentações, fragmentando tanto seus instrumentos quanto os vocais que percorrem o álbum. A busca por um tipo de som menos óbvio e nada linear, em alguns momentos acaba reproduzindo um registro que mesmo conduzido por uma naturalidade suave e até mesmo encantadora, acaba por reproduzir pequenas doses de excentricidade, com Tiersen se ocultando em pequenos efeitos de distorção e sons constantemente reconfigurados.

Mesmo em busca de uma sonoridade distinta e quase em oposição ao que fora projetado por Yann em seus anteriores lançamentos, diversas composições ao longo do álbum acabam por revelar a velha figura do compositor. Mesmo sob nova forma. Em Hesitation Wound, por exemplo, muito do que delimita a faixa parece vindo das antigas experiências do francês na construção de trilhas sonoras, algo bem explicado pela maneira ponderada como os arranjos vão se desenvolvendo ao longo da canção, que sempre que possível deixa transparecer alguns aspectos dessa nova empreitada musical do compositor.

Tão entusiasmado quanto seus projetos ao vivo, essencialmente complexo e hipnotizante quanto seus trabalhos para o cinema, com Skyline Yann Tiersen parece ter se encontrado, resultando em mais um óbvio registro de acertos para sua vasta carreira. Se até o presente momento o compositor já havia desenvolvido a trilha sonora exata para uma sequência de diferentes películas, com o recente álbum o compositor parece ter montado a trilha sonora perfeita para todos os espectadores.

 

Skyline (2011, Mute)

 

Nota: 8.0
Para quem gosta de: Beirut, The Decemberists e Claire Pichet
Ouça: The Trial e Another Shore

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.