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Críticas

The War On Drugs

: "Slave Ambient"

Ano: 2011

Selo: Secretly Canadian

Gênero: Indie, Rock Alternativo

Para quem gosta de: Kurt Vile, Real Estate

Ouça: Baby Missiles

7.5
7.5

Resenha: “Slave Ambient”, The War On Drugs

Ano: 2011

Selo: Secretly Canadian

Gênero: Indie, Rock Alternativo

Para quem gosta de: Kurt Vile, Real Estate

Ouça: Baby Missiles

/ Por: Cleber Facchi 30/07/2011

Antes que toda a variedade de bandas formadas por Real Estate, Julian Lynch e Family Portrait viessem para propagar suas composições chapadas, meticulosamente preguiçosas e suavemente sujas, Adam Granduciel já antecipava tais futuras tendências através de seus trabalhos caseiros construídos desde a primeira metade dos anos 2000. Entre travessias brandas pelo rock psicodelico dos anos 60 e viagens pelos sons sujos da década de 1990, o norte-americano foi aos poucos se transformando em uma pequena referência para um grupo de iniciantes artistas, arquitetando de maneira descompromissada um som tomado de amenidades e pequenos delírios acústicos.

Quando Wagonwheel Blues (Secretly Canadian) seu primeiro álbum através do The War On Drugs foi lançado em meados de 2008, não foram poucas as comparações com alguns artistas que naquele momento retomavam o surf rock e a música psicodélica em formato praieiro. Entretanto, muito antes de uma série de artistas que ressaltavam aquele tipo de som evidenciarem seus trabalhos, Granduciel já transitava pelas mesmas texturas, desde 2005 propondo uma sequência de EPs e singles que se posicionavam dentro desse mesmo tipo de musicalidade.

Em 2010, ao lançar Future Weather EP, o músico original de Filadélfia, Pensilvânia deixava algumas pistas daquilo que encontraríamos em seus futuros lançamentos, se aconchegando dentro de uma sonoridade muito mais abafada e suja, mas ainda assim solta e esvoaçada, como em seus anteriores trabalhos. Através de oito composições, o músico convidaria o público a adentrar seu mundo de pequenos delírios poéticos e instrumentais, proporcionando faixas de extremo bom gosto, como Baby Missles e Brothers, um breve aperitivo para seus futuros lançamentos.

Através de uma instrumentação que ainda passeia pelas mesmas frequências praieiras de outrora, porém ainda mais entregues ao rock psicodélico dos anos 70, Granduciel e seu The War On Drugs – banda que fica completa com Dave Hartley (baixo, guitarras) e Mike Zanghi (bateria e percussão) – entregam agora seu mais novo registro, o preguiçoso Slave Ambient (2011, Secretly Canadian). Carregado de lisergia e transitando por versos quase oníricos em boa parte do tempo, o álbum se evidencia como o melhor trabalho lançado pelo norte-americano até agora.

Além de trazer de volta algumas boas composições presentes em seu anterior EP, como Come To The City, além das canções anteriormente mencionadas, Granduciel e seus parceiros apresentam um jogo de novidades dentro do disco, renovando inclusive dentro da instrumentação do álbum, não mais adornado por uma musicalidade restrita aos formatos acústicos. Prova disso vem em Your Love Is Calling My Name, a faixa que é a mais extensa do disco inova por apresentar uma sonoridade acelerada, calcada no uso de guitarras e dona de uma propriedade musical completamente oposta ao que é retratada no restante do trabalho.

Contudo, mesmo apresentando momentos de pura renovação, o álbum acerta mesmo através do que já havia de mais tradicional dentro da banda. A série de músicas esvoaçadas e levemente sombrias como It’s Your Destiny e Best Night é o que de fato captura o ouvinte, personagem que é lentamente sugado para dentro da fluidez vagarosa do álbum. Embora peque por manter algumas composições dentro de uma sonoridade demasiada básica, Slave Ambient consegue sim agradar, se revelando como um belo achado da psicodelia moderna.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.