Disco: “Slow Down”, Hyde & Beast

/ Por: Cleber Facchi 05/07/2011

Hyde & Beast
British/Indie/Alternative
http://www.myspace.com/hydebeast

 

Por: Fernanda Blammer

Quando determinado artista parte para a criação de um projeto paralelo, uma das coisas que mais se espera é que seja entregue algo diferenciado daquilo que já é construído nos projetos originais. Partindo dessa lógica, nos últimos anos alguns trabalhos dito “paralelos” como Gorillaz, The Raconteurs e Them Crooked Voltures tem superado de maneira bastante perceptível até o que certos músicos vinham produzindo em seus projetos principais. Quem agora surge para desenvolver algo completamente oposto daquilo entregue em sua banda original é o baterista Dave Hyde, do The Futureheads, que ao lado do também baterista e ex-integrante do The Golden Virgins, Neil Bassett dá vida ao suave projeto Hyde & Beast.

Quem pelo nome da banda – baseado no livro Strange Case of Dr Jekyll and Mr Hyde (1986) do escritor escocês Robert Louis Stevenson – imaginar que a parceira da dupla inglesa resultará em uma som repleto de dicotomias (feito aquela que define o personagem do livro de Stevenson) pode acabar parcialmente decepcionado. Ao longo de seus 30 minutos, Slow Down (2011) se mantém como um registro bem controlado, bloqueando a todo momento qualquer tipo de exaltação que ultrapasse os limites brandos do registro.

Talvez a única dualidade que compõem o registro seja encontrada na divisão instrumental que o acompanha. Mantendo o foco entre os sons melódicos da década de 1960 e em parte das bandas que definiram a música nos anos 2000, a dupla cria um tipo de som que parece novo, porém transpira certo toque de nostálgico em suas referências. Guitarras relaxadas, uma bateria suave e pianos peculiares vão acompanhando os vocais, sempre mantidos de maneira condensada, como se evitassem ao máximo qualquer forma de excesso acústico dentro das composições.

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Dos anos 60 vem mais da metade das referências que compõem o trabalho, com o duo encontrando nas obras de The Velvet Underground, The Beach Boys, T-Rex e The Band todas as características e elementos necessários para montar a estrutura do trabalho. Solos de guitarra no melhor estilo rock clássico, linhas de baixo densas, vocais expostos em coro e uma condução que se divide entre uma viagem lisérgica e momentos de realidade dão vida à canções como All Because Of You, que mesmo com pouco menos de três minutos de duração conseguem de forma agradável colar todas as tendências que definiram uma década em algo que soa incrivelmente original e agradável de ser absorvido.

Nos sons do novo século, Hyde e Bassett vão em busca de artistas que brincam com a psicodelia como o Animal Collective (referência assumida na própria página do MySpace da banda), porém distantes das experimentações exageradas que pudessem trazer estranhezas para dentro do álbum. Quem também aparece como possível referência é o TV on The Radio, bastante perceptível pela forma como as harmonias de vocais e alguns instrumentos como guitarra e principalmente o baixo são explorados. Embora You Will Be Lonely e algumas outras faixas sigam por uma linha bem sessentista, à medida que a faixa se desenvolve é possível perceber alguns visíveis toques do que a banda nova-iorquina constrói em Dear Science (2008) ou em seus demais álbuns.

A mistura entre os sons do passado e os ritmos atuais tornam Slow Down um disco que ao menos se desvencilha de todos os clichês evidente no trabalho de boa parte daqueles que se apegam aos sons dos anos 60 ou 70. Mesmo que o resultado seja agradável e o disco mantenha uma instrumentação cuidadosa, a ausência de velocidade e de faixas que escapem do regime brando do projeto tornam a audição do disco cansativa em alguns momentos, algo que claramente pode ser melhor delineado em um trabalho futuro.

Slow Down (2011)

 

Nota: 6.7
Para quem gosta de: The Futureheads, The Golden Virgins e The Velvet Underground
Ouça: You Will Be Lonely

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.