Disco: “So Beautiful or So What”, Paul Simon

/ Por: Cleber Facchi 13/04/2011

Paul Simon
Singer-Songwriter/Folk/World Music
http://www.paulsimon.com/

 

Por: Fernanda Blammer

Boa parte da carreira de Paul Simon foi construída ao lado do parceiro Art Garfunkel, através de um projeto que teve inicio nos anos 60 e que se estende até hoje (mesmo que de maneira muito mais esporádica). A outra metade da carreira do norte-americano de New Jersey fica por conta de seu bem sucedido projeto solo, que desde o lançamento de seu autointitulado disco de estreia em 1972 tem se mostrado como um projeto bem elaborado, servindo de base para uma geração de artistas, como o Vampire Weekend, além de outros projetos que abraçam a música africana.

Com seu mais recente disco, So Beautiful or So What (2011), Simon faz uma espécie de revisita a esses dois aspectos que atravessam todo seu percurso musical, revivendo a todo o momento suas raízes folk, como os toques de World Music (termo este, que foi um dos responsáveis a lapidar). Ao longo de dez faixas, o músico prova que mesmo beirando os 70 anos sua mente se mantém intacta, embora não consiga (por motivos óbvios) alcançar o mesmo virtuosismo de décadas atrás.

Não apenas sua ligação com a Mãe África ou seus compenetrados acordes de violão assumem as pontas desse novo disco, do bluegrass a pequenos passeios pela música country (!), Simon busca a todo o momento não cair em repetições. Pai de dois álbuns essenciais para conhecer a música do século passado – Paul Simon (1972) e Graceland (1986) – o cantor tenta a todo o momento não repetir os mesmos erros de seu álbum anterior, o fraquíssimo Surprise (2002), dando ao presente lançamento um destaque maior tanto a poesia quanto às melodias.

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Mais uma vez o grande acerto do músico está no explorar da sonoridade referencial aos ritmos africanos. Dazzling Blue é de longe uma das melhores faixas do álbum, motivo esse estabelecido pela percussão regional, desenvolta de forma minimalista, permitindo que tanto o cantor, como o coro de vocais que o acompanham possam brincar com as palavras ou mesmo vocábulos sem sentido. Já Getting Ready for Christmas Day com seu resultado torto e repleto de efeitos aponta os motivos de uma geração de músicos ainda se inspirarem por seu trabalho.

Entretanto é justamente quando Simon se orienta para aquilo que mais está acostumado a fazer, que o disco perde um pouco de seu brilho. A faceta folk do artista acaba soando comum demais, bem menos inspirada que a outra metade do álbum. Claro que pequenos petardos como Questions for the Angels (muito por sua letra cuidadosa) conseguem representar o gênero com propriedade, mas já as demais faixas não dispõem do mesmo êxito. Love & Blessing, por exemplo, agrega tantas informações e referências em sua base que a torna confusa e desnecessária. Nem o jeitão Lo-Fi de Rewrite consegue motivar.

Seria um erro esperar que a essa altura da vida Paul Simon voltasse com um sucessor à altura de Graceland, mas um pouco mais de esforço não traria problemas ao músico. O jeito é resgatar os clássicos ou se contentar com a sonoridade pacata desse novo disco, que não chega a ser ruim, porém não traz a mesma emoção de outrora. Interessante perceber a essa altura da vida o músico ainda busca por inovações, tentando mesclar alguns novos ritmos, prova de que o bom e velho Simon ainda se faz presente, mesmo que seja apenas um pequeno resquício dos tempos áureos.

 

So Beautiful or So What (2011)

 

Nota: 7.0
Para quem gosta de: Simon & Garfunkel, Vampire Weekend e The Very Best
Ouça: Dazzling Blue

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.