Disco: “So Outta Reach EP”, Kurt Vile

/ Por: Cleber Facchi 28/10/2011

Kurt Vile
Indie/Singer-Songwriter/Lo-Fi
http://www.myspace.com/kurtvileofphilly

 

Por: Cleber Facchi

Ao que tudo indica Kurt Vile tem vivido sua melhor fase como compositor nos últimos meses. Depois do razoável Childish Prodigy, lançado em outubro de 2009, o norte-americano resolveu começar 2011 com o pé direito, apresentando um dos álbuns mais elogiados do ano até agora: Smoke Ring for My Halo. É justamente dentro dessa mesma onda de inspiração que o músico original da Philadelphia surge agora com seu mais novo EP, So Outta Reach, uma coleção de cinco faixas inéditas e um cover que devem reforçar a presença de Vile na lista dos melhores do ano.

Embalado pela mesma espontaneidade de seu último grande disco – de fato o EP será lançado como parte da edição de luxo do novo álbum -, o registro de seis composições passa longe dos antigos rótulos que acompanhavam a obra de Vile, antes um entusiasta das reverberações lo-fi, fruto óbvio de suas composições caseiras, ou como a imprensa gringa costuma classificar, “badroom pop”. Novamente acompanhado do lendário John Agnello (que já trabalhou com Sonic Youth e Dinosaur Jr), o jovem Kurt destila uma sequência de 30 minutos de canções bem desenvoltas, faixas que mais uma vez solidificam a figura do músico como um dos grandes poetas da atual geração.

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=mdIXrcH7QLU]

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=63KB-EJKdyI]

Entre faixas carregadas por uma melancolia existencialista (The Creature), desilusões (It’s Alright) e bem aplicados jogos metafóricos (Life’s a Beach), Vile parece dialogar diretamente com o ouvinte, sensação bem explicada por conta da tonalidade diminuta do registro, uma sucessão de guitarras pesarosas e doses controladas de violões introspectivos. Mesmo acessível e bem diluído, So Outta Reach EP parece seguir por um caminho um pouco mais afastado do último disco do norte-americano, percepção talvez explicada por conta da formatação diminuta das canções que delimitam o pequeno álbum, faixas livres da grandeza principalmente instrumental de Smoke Ring for My Halo.

Entre bem exploradas composições inéditas, Kurt ainda tira tempo para dar um novo acabamento à Downbound Train, quinta faixa do clássico Born in the U.S.A., provavelmente a maior obra do lendário Bruce Spreengsteen. Carregada de guitarras sujas – com Vile relembrando seus primeiros registros –, a composição acaba passando como um fruto próprio do jovem músico, muito por conta de sua letra carregada de pessimismo, elemento que parece movimentar a totalidade da obre de Vile.

 

So Outta Reach EP (2011, Matador Records)

 

Nota: 7.5
Para quem gosta de: The War On Drugs, Woods e Julian Lynch
Ouça: The Creature

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.