Disco: “Soft Metals”, Soft Metals

/ Por: Cleber Facchi 01/07/2011

Soft Metals
Electronic/Synthpop/Minimal
http://www.myspace.com/softmetals

Por: Cleber Facchi

Pode até não ser raro encontrar alguns artistas que liguem a sonoridade por eles produzida aos seus respectivos nomes, porém, encontrar alguém que faça disso um processo tão natural quanto o Soft Metals talvez seja uma tarefa difícil de ser realizada. Formado pelo casal Patricia Hall (voz) e Ian Hicks (sintetizadores), o projeto encontra na produção de um som sintetizado e macio o elemento que solidifica sua música. Concentrando seus esforços em cima de um som minimalista e eletrônico, a dupla visita diferentes períodos e estilos musicais para delimitar a acústica de sua confortável estreia.

Lançado através do crescente Captured Tracks, selo independente norte-americano com sede no Brooklyn e que serve de abrigo artistas como Beach Fossils, Craft Spells, Aias e Wild Nothing, o primeiro álbum do duo de Portland, Oregon embora não traga nada de novo acerta por sua precisão e pelo bem diluído jogo de diferentes essências que o compõem. Do precursor trabalho do Kraftwerk, passando pelo variado conjunto de bandas e artistas da década de 1980 (principalmente os ligados ao movimento post-punk e a Darkwave) até chegar ao minimalismo eletrônico dos anos 90 (Balearic Beat principalmente), todo esse conjunto de diferentes referências se cruzam dentro do homônimo álbum do Soft Metals.

Os sintetizadores hipnóticos que se lançam logo no inaugurar do disco com a música Psychic Driving pouco se alteram no restante do trabalho. Sempre explorando as formas acústicas com atento cuidado e precisão, Hicks se responsabiliza por 90% daquilo que se define como a estreia da dupla. Para além de vagas harmonias de teclados ou batidas artificiais, o músico acerta pelos detalhes, inserindo bips precisos, solos que mesmo compenetrados revelam uma fluidez elaborada, além de um encaixe coerente entre todos os elementos que constroem o álbum.

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Responsável por 10% (ou talvez menos) de todo o disco, Hall mostra que sua mínima parcela de “responsabilidade” transforma-se no elemento central de todo o trabalho, mesmo que momentaneamente. Embora pareça oculta pela densa camada de synths construída por seu parceiro, a vocalista aproveita o raso espaço que lhe foi concedido para expor sua voz ao máximo. Trabalhando suas cordas vocais como se fosse um dos instrumentos de Hicks, a cantora mergulha fundo na década de 80, trazendo de lá o máximo possível de influências para a condução de seu vocal, encontrando em uma Siouxie mais ponderada sua principal inspiração.

Mesmo que seja a década de 1980 o período que mais se estabelece no decorrer do álbum, muito do que dá identidade ao álbum se esconde nas praias (quase literalmente) dos anos 90. O Balearic Beat surge renovado, fazendo com que o disco se transforme em um mar de sons esvoaçados, levemente tocados pela deep house e totalmente entregues ao uso dos sintetizadores. Voices, terceira faixa do álbum talvez seja a que melhor evidencia isso, se fechando em torno de um corpo de teclados crescentes, momentaneamente viajados, loopings hipnóticos e suingados enquanto a voz de Hall se dissolve em algo lânguido, pacífico e deliciosamente dançante.

Em alguns momentos (talvez pelas frequências chapadas) é possível aproximar o trabalho da dupla norte-americana do som que os suecos do jj elaboram em seus álbuns. Entretanto, o concentrado unicamente eletrônico que delimita a obra do Soft Metals dá ao duo distanciamento do trabalho dos suecos, o que consequentemente proporciona aos norte-americanos identidade. Embora seja um convite à dança, o disco parece muito melhor quando reduzido ao método de apreciação, em que é possível captar cada mínimo e essencial detalhe exalado pelas faixas.

Soft Metals (2011)

Nota: 7.5
Para quem gosta de: jj, CEO e Boat Club
Ouça: Psychic Driving

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.