Disco: “Sound Kapital”, Handsome Furs

/ Por: Cleber Facchi 02/07/2011

Handsome Furs
Canadian/Electronic/Synthpop
http://www.myspace.com/handsomefurs

 

Por: Fernanda Blammer

Com o anunciado hiato nas atividades do Wolf Parade – que nada mais é do que um belo eufemismo para o fim da banda -, não restam dúvidas que o grupo canadense responsável por obras como Apologies to The Queen Mary (2005, Sub Pop) abre uma gigantesca lacuna dentro do cenário independente norte-americano, entretanto, quem ainda anseia pelos trabalhos de Spencer Krug e Dan Boeckner pode encontrar em seus projetos paralelos um belo refúgio. Enquanto o primeiro encanta com o Sunset Rubdown e o Frog Eyes, o segundo nos chama para as pistas através do excelente Handsome Furs, projeto que cresce exponencialmente em seu terceiro e bem conduzido disco.

Embora só tenha recebido devido destaque a partir de 2009, através do lançamento de Face Control (2009, Sub Pop), a parceria entre Boeckner e sua esposa Alexei Perry transita por um terreno muito diferente daquele encontrado no Wolf Parade, com o músico elevando sua arte em tocar sintetizadores ao extremo. Com Sound Kapital (2011, Sub Pop), o casal canadense traz mais uma poderosa sequência de solos sintetizados, batidas secas e um clima que mesmo voltado aos anos 80 mantém sua distinção e sua identidade.

Assim como no trabalho de 2009 o casal deu um salto enorme em relação ao seu primeiro disco, Plague Park (2007, Sub Pop), com o novo registro não poderia ser diferente. Enquanto Face Control mantinha alguns visíveis traços do que Boecker desenvolvia ao lado de sua banda principal, mesclando toques de indie rock com somas enormes de sintetizadores, com o atual projeto o casal extingue de vez o uso de guitarras e se mantém no uso exclusivo dos teclados, trazendo ao trabalho um aspecto que é ao mesmo tempo ousado e completamente distinto de seus anteriores álbuns.

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Mesmo com a extinção das guitarras dentro do disco, Sound Kapital talvez seja o álbum mais sujo que o casal já veio a produzir. As antigas referências ao post-punk que tanto delimitavam as produções da dupla, agora se encontram amplamente substituídas por toques da música Industrial oitentista, o que dá ao registro um aspecto completamente rebuscado e obscuro. Ao mesmo tempo em que a sujeira faz morada nas teclas e harmonias proclamadas pela dupla, uma fina penumbra de música pop se estabelece por entre as composições, revelando refrões exaltados, progressões dançantes e uma condução acústica que parece muito mais agradável do que aquela encontrada nos dois álbuns que precedem o novo registro.

Por mais que venha tomado por uma sucessão de sons poluídos e sintéticos, a produção do  Handsome Furs se mantém dentro de uma linha ou estabilidade rítmica piamente respeitada, algo que alguns conterrâneos como o Crystal Castles, que utilizam de uma sonoridade bem similar parecem desrespeitar completamente, recebendo, por conta disso, amplo destaque. O excessivo controle que se abate em Sound Kapital talvez seja o maior problema que a dupla apresenta em todo o trabalho, resultando em algumas canções que crescem, atraem o ouvinte, mas que acabam antes de alcançarem seu ápice.

Diferente de outros trabalhos já lançados durante o ano, como Thee Physical do Pictureplane ou Zonoscope do Cut Copy, falta ao Handsome Furs arriscar mais. É inegável o quanto as faixas seguem uma boa condução e parecem coerentemente fechadas, irretocáveis, o que torna a execução do disco penosa em alguns momentos, justamente pelo excesso de perfeição. Serve To The People é o único momento dentro do álbum em que o casal parece se desprender, arriscar, deixar que a faixa os conduza, criando assim o melhor momento do disco, algo que se fosse aproveitado no restante do trabalho o tornaria muito mais gratificante.

 

Sound Kapital (2011, Sub Pop)

 

Nota: 7.8
Para quem gosta de: Wolf Parade, Diamond Rings e New Order
Ouça: Serve To The People

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.