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Críticas

Ducktails

: "St. Catherine "

Ano: 2015

Selo: Domino

Gênero: Indie Rock, Dream Pop

Para quem gosta de: Real Estate e Mac DeMarco

Ouça: Headbanging In The Mirror e Church

7.5
7.5

Disco: “St. Catherine”, Ducktails

Ano: 2015

Selo: Domino

Gênero: Indie Rock, Dream Pop

Para quem gosta de: Real Estate e Mac DeMarco

Ouça: Headbanging In The Mirror e Church

/ Por: Cleber Facchi 13/08/2015

É difícil estabelecer com exatidão onde começa o trabalho de Matt Mondanile no Real Estate e tem início a relação com o Ducktails. Vozes letárgicas, captações Lo-Fi e toques precisos de música psicodélica, elementos partilhados com naturalidade entre o coletivo de New Jersey e o projeto solo do guitarrista norte-americano. Uma suposta divisão cada vez mais imperceptível, talvez desconstruída com a chegada de St. Catherine (2015, Domino).

Quinto registro autoral de Mondanile, o trabalho de 11 composições inéditas revela a busca do músico por um som cada vez menos experimental, distante do conceito sujo testado nos iniciais Ducktails e Landscapes, ambos de 2009. Arranjos, versos e até mesmo sentimentos que dialogam com o mesmo universo de harmonias doces inauguradas pelo Real Estate no álbum Days, de 2011. Um tema reforçado com a entrega Atlas, em 2014 e delicadamente reciclado dentro do universo torto que ocupa a mente do cantor no novo disco.

De natureza intimista, sereno, St. Catherine oculta nas guitarras a ponte para o álbum mais sofredor de toda a carreira de Mondanile. Ainda que o registro cresça livre de exageros, confortando o ouvinte em um cenário de fim de tarde, faixa após faixa, a melancolia corrói a essência do disco. Basta a instrumental canção de abertura, The Disney Afternoon, para perceber como a atmosfera ensolarada dos últimos trabalhos parece momentaneamente esquecida.

Dos versos que inauguram a obra, em Headbanging In The Mirror, passando por Into The Sky, Church e Reprise, tudo gira em torno da infância, adolescência e maturidade do artista. Canções que refletem a alma de um indivíduo adormentado, sempre solitário. Versos levemente embriagados, como se a sonoridade lisérgica que cresce ao fundo de cada canção lentamente fosse capaz de interferir na lírica sóbria do disco anterior, The Flower Lane (2013).

Por falar no último álbum do Ducktails, espantosa é a mudança de sonoridade entre um trabalho e outro. Enquanto o registro entregue há dois anos mergulhava o ouvinte em um ambiente de conceitos nostálgicos, efeito dos sintetizadores lançados por Daniel Lopatin (Oneohtrix Point Never), em St. Catherine a economia de instrumentos muda completamente a ordem do trabalho de Mondanile.

Nada de fórmulas complexas ou arriscadas, apenas leveza. Um jogo de vozes e guitarras costuradas com timidez, montagem que não apenas abafa o som “tropical” previamente estabelecido para os trabalhos de Mondanile com o Ducktails, como ainda aproxima o ouvinte de um cenário remodelado, praticamente invernal e dominado pela tristeza.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.