Disco: “Stone Rollin'”, Raphael Saadiq

/ Por: Cleber Facchi 31/03/2011

Raphael Saadiq
Soul/R&B/Funk
http://www.myspace.com/raphaelsaadiq

 

Por: Fernanda Blammer

Sabe aquele tipo de programa radiofônico especializado em tocar as melhores dos anos 70, 80 e 90 e que normalmente acaba escondido em algum horário quase inacessível? Então, Stone Rollin’ (2011) novo disco de estúdio do californiano Raphael Saadiq funciona nesse mesmo tipo de frequência, como se fosse parte de um enorme programa de rádio especializado em tocar clássicos, nesse caso, grandes composições da soul music compreendidas em várias décadas.

Na ativa desde 1983, quando ingressou para o grupo de R&B Tony! Toni! Toné!, Saadiq foi conquistando aos poucos seu espaço dentro do cenário musical, trabalhando ao lado de nomes como Joss Stone e John Legend até que no começo dos anos 2000 resolveu de vez partir para a carreira solo (embora já houvesse lançado alguns singles anteriormente), lançando o bem recepcionado Instant Vintage (2002) disco que figurou pelas principais publicações com enorme destaque. O sucesso, porém, viria com The Way I See It (2008), álbum em que o cantor brilhava de maneira surpreendente, ganhando inclusive algumas indicações no Grammy do ano seguinte.

Para o novo disco o californiano de Oakland não apenas traz todo o seu jogo de influências e sonoridades calorosas como acrescenta uma série de guitarras perfeitamente empregadas, dando ao álbum agilidade e um som feito especificamente para dançar. Ao contrário dos lançamentos anteriores – Instant Vintage (2002), All Hits at the House of Blues (2003), Ray Ray (2004) e The Way I See It (2008) – o músico vai atrás de novas referências e é no rock dos anos 60 que ele as encontra.

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A Black Music que antes compreendia a grande parte dos sons de Saadiq agora fica levemente afastada, como um grande plano de fundo, permitindo que o músico destile ótimas canções, como acontece em Radio. Há elementos do funk com todo aquele clima James Brown, entretanto são as guitarras, alguns toques de surf music e um rápido passeio pelo rockabilly. A faixa homônima é outra que escapa da mesma fonte. Stone Rollin’ não apenas atravessa a década de 1960 como vai no blues buscar pequenos suplementos para sua sustentação.

O músico consegue até se valer do contry misturado com R&B em Day Dreams, demonstrando toda sua potencialidade em juntar gêneros em prol de um som gostoso e agradável de ser absorvido. E é claro que Saadiq não poderia deixar de lado o estilo que tanto o consagrou, para isso o músico entrega canções ao nível de GoTo Hell, repleta de backing vocal e uma instrumentação feita com o intuito de emocionar e prender de vez o ouvinte.

Como dito Stone Rollin’ não pode ser visto como um disco de soul music, já que a maior parte do trabalho foca em sons distintos, valendo-se do gênero apenas como um suporte, uma sustentação às faixas. A iniciativa do músico em arriscar garante não somente que Raphael Saadiq proporcione aos seus seguidores um trabalho interessante, como também evita que sua carreira desande em sons repetitivos ou simplesmente básicos.

 

Stone Rollin’ (2011)

 

Nota: 7.1
Para quem gosta de: Tony! Toni! Toné!, Amy Winehouse e John Legend
Ouça: Radio

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.