Disco: “Strange Negotiations”, David Bazan

/ Por: Cleber Facchi 25/04/2011

David Bazan
Indie/Singer-Songwriter/Slowcore
http://www.davidbazan.com/

Por: Fernanda Blammer

A melhor forma de suprir a falta daquela sua banda favorita é ver que seus antigos integrantes conseguiram (felizmente) embarcar em uma bem sucedida carreira solo. Desde que o grupo norte-americano Pedro The Lion teve fim em 2005, que seu líder David Bazan deu vida a uma mais do que agradável carreira particular, com uma série de trabalhos que teve início em 2006 com o lançamento do EP Fewer Moving Parts e ganha agora mais um complemento, com um novo registro de pura sensibilidade e poesia, trabalho típico do músico de Seattle.

Algumas pessoas conseguem assumir sozinhas todo o significado em um estilo ou gênero musical, e se Kurt Cobain define o grunge, Sid Vicious explica o Punk, então Bazan (por mais pretensiosa que seja essa definição) corresponde ao significado do Slowcore. Tanto com sua antiga banda quanto em carreira solo, o compositor e sua melancolia embalada em doces acordes acústicos definem a gama de sensações que correspondem ao estilo. Entretanto, a predisposição ao uso de guitarras e o resultado nada compenetrado de Strange Negotiations (2011), afastam cada vez mais o músico dessa definição.

Em dez faixas Bazan deixa sua sensibilidade, melancolia e bem resolvidos arranjos de guitarras se esparramarem por completo, fazendo com que o músico esteja muito mais a vontade do que em sua estreia individual. Tanto no EP de 2006, quanto em Curse Your Branches, seu disco de estreia em 2009, por mais que o músico desse conta de uma série de boas composições haviam ainda resquícios e olhares castradores como se o cantor devesse algo à sua antiga banda, algo que parece definitivamente abandonado no atual trabalho.

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Da primeira a décima faixa Strange Negotiations se mostra como um trabalho puramente referencial a seu compositor. De lamentos a nostalgias, Bazan se entrega de maneira sincera, e em determinados momentos até áspero, porém, inteiramente ele. O músico, entretanto, não se prende apenas a seus sofrimentos e confissões, já que o novo álbum abre espaço para que o compositor analise o panorama norte-americano pós-crise econômica, além de reviver lembranças sobre a região em que vive.

Mesmo que o recente trabalho se entregue como um registro da própria figura de Bazan – o álbum foi gravado entre novembro e dezembro de 2010 no estúdio caseiro do músico – pode-se dizer que o novo disco seja o trabalho que o artista realiza de maneira mais próxima da de seus fãs. Parte da produção do LP foi custeada por doações de entusiastas do som de David, dando ao álbum um caráter totalmente colaborativo.

Com o atual trabalho, o músico de Seattle se afasta definitivamente da sombra de sua antiga banda, mostrando que sua criatividade não está ligada a rótulos ou qualquer tipo de nomenclatura, Strange Negotiations comprova que a força de David Bazan está em sua unidade como músico e poeta. Suas letras, transitando pelo nostálgico, o triste e o confessional acabam se configurando dentro de uma linguagem universal com o artista reafirmando mais uma vez seu papel como um dos grandes nomes da música independente, deste e de outros tempos.

Strange Negotiations (2011)

Nota: 7.7
Para quem gosta de: Pedro The Lion, Damien Jurado e Cat Power
Ouça: Leve With Yourself

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.