Disco: “Subwave”, Subwave

/ Por: Cleber Facchi 10/01/2012

Subwave
Russian/Electronic/Drum’n’Bass
http://www.myspace.com/thesubwave

 

Por: Fernanda Blammer

 

Enquanto uma parte substancial do público ainda aproveita os últimos resquícios da produção musical de 2011 – absorvendo através das presentes listas de melhores discos o que acabou ficando de fora das listas particulares -, uma nova frente de artistas começa formar o que iremos encontrar no cenário musical de 2012. Quem dá o start em termos de eletrônica é o produtor russo Gleb Soloviev, que adepto das frequências sintéticas moderadas que caracterizaram boa parte da música no ano passado produz um registro que se divide entre o climático e o pulsante.

Oculto pelo nome assertivo de Subwave, o produtor vindo de Moscou consegue em quase 70 minutos promover um registro marcado pelo uso constante de reverberações amenas, encontrando na eletrônica pré-dubstep grande parte das referências que delimitam sua obra. Passeando pelas experiências musicais da década de 1990 – principalmente durante a popularização do Drum’n’Bass – o russo faz nascer um trabalho nostálgico e moderno, mantendo um pé bem calcado no passado, mas os ouvidos atentos ao presente.

O resultado disso está em um projeto que mesmo apoiado em velhas referências se aproxima da leveza proposta na música inglesa atual, abandonando o caráter demasiado abstrato de algumas obras para se concentrar em um som mais tátil e comercial. Em diversos momentos torna-se visível uma forte aproximação com a mesma sonoridade proposta no primeiro álbum da dupla Chase & Status (sem as variações ao dub), algo facilmente distinguível pelo uso de versos menos esparsos ou etéreos.

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Grande parte do registro – que acaba contando com 11 extensas faixas – se divide em duas vertentes de canções bem definidas. O primeiro grupo torna-se visível logo na música de abertura do disco, Wheel Of Time, faixa que utiliza de um toque essencialmente atmosférico para se desenvolver. A mesma percepção se estende em Tonal e Green Water, ambas composições que acabam rodeadas por efeitos suavizados, ruídos típicos de experiências com o dub e todo um pacote de sons que se traduzem em criações densas e introspectivas – indubitavelmente os melhores momentos do disco.

A segunda metade acaba se manifestando em um grupo de faixas mais enérgicas, criações marcadas pelo uso de batidas aceleradas, versos presos a uma síncope dançante e tonalidades que em diversas vezes aproximam o Subwave de um som mais convencional – lembra um Rustie menos conceitual em diversos momentos. Borbulham assim composições como Senses e Bring Me Down, duas criações que valorizam o uso de vocais, contrapondo-os com uma série de batidas efusivas típicas do gênero que Soloviev parece proclamar.

Claramente observado como um projeto básico – em alguns momentos até limitado -, o homônimo registro acaba cercado de faixas convincentes, muito embora diversas outras canções sejam preenchidas por doses monumentais de mais do mesmo ou fórmulas já cansadas, repletas de referências saturadas. O excesso de duração de algumas músicas – a enorme Asteroids, por exemplo – acaba impedindo um bom funcionamento do registro, que mesmo revelando verdadeiros acertos se perde de maneira irregular em meio a complexos e irresponsáveis erros.


 

Subwave (2012, Metalheadz)

Nota: 7.3
Para quem gosta de: Chase & Status, Rustie e Zomby
Ouça: Tonal

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.