Disco: “Summer Camp”, Summer Camp

/ Por: Cleber Facchi 13/09/2013

Sumer Camp
Indie Pop/Alternative/Female Vocalists
http://www.wearesummercamp.com/

Por: Fernanda Blammer

Summer Camp

Desde que uma versão ensolarada do Lo-Fi Rockvirou moda” no fim da década passada, o que não falta ao cenário recente são bandas inclinadas a brincar em um estágio de redundância com o mesmo gênero. Best Coast, Tennis, Cults e um catálogo tão abrangente, que classificar essa nova seleção de artistas seria impossível. Apenas “mais um” nesse mesmo universo de bandas intencionalmente empoeiradas, a dupla Summer Camp fez de Welcome To Condale (2011) uma continuação de tudo o que outros projetos da época já desenvolviam, marca que o autointitulado segundo disco chega para apagar com acerto e real identidade.

Como o Fresh, primeiro single do novo álbum, já havia anunciado há alguns meses, cada passo dado pelo casal britânico Jeremy Warmsley e Elizabeth Sankey com o presente disco aponta para a mudança. Longe do clima caseiro instalado do debut e, de forma bastante assertiva, não mais inclinados a replicar as emanações litorâneas dos artistas estadunidenses, o duo faz do recente projeto um catálogo aberto ao pop. Vozes, guitarras e principalmente as melodias amenizam tudo em um território adocicado, como se uma nova banda fosse apresentada.

Menos centrado nas referências impostas na década de 1960, marcada explícita do debut, a dupla parte para algum lugar criativo entre o fim dos anos 1970 e o começo da década de 1980, amenizando sentimentos em uma carga de reverberações levemente nostálgicas. Como Fresh e o efeito pós-Disco abordam cuidadosamente, passear pelo recente álbum é como olhar atentamente para o passado em uma tentativa de trazer algo ao presente. Visto dessa forma, cada uma das 11 faixas do registro flutuam deliciosamente pelo tempo, como se lá e aqui se confundissem em um propósito único de favorecer ao ouvinte um conjunto rico de boas composições.

De natureza pop, o disco faz de cada música um objeto entregue ao grande público. Em Crazy, por exemplo, todo o instrumental da obra se arquiteta de forma a valorizar o refrão, fazendo dos sentimentos adultos que dançam pela lírica da faixa apenas um princípio para o condensado pegajoso que fixa nos ouvidos posteriormente. Two Cords, por sua vez, faz das guitarras levemente aceleradas e das batidas quase eletrônicas um salto dentro da proposta do grupo, como se vozes e sons fossem trabalhados ao mesmo tempo, resultando em um dos exemplares mais distintos da dupla. Há ainda The End, Phone Call e um arsenal abrangente de músicas coloridas, faixas que podem até não carregar um jogo de inventos e experimentações maduras, mas estão longe de desmotivar o ouvinte.

Assim como no trabalho passado, a melancolia funciona como parte natural dentro da estética da banda, como se a dor fosse o principal ingrediente do trabalho. Entretanto, uma vez dentro do jogo de sensações melódicas expostas com o novo álbum, mesmo a faixa mais triste parece feita para dançar. Dentro desse efeito agridoce, músicas como Everything Had Changed, Keep Falling e a já mencionada Crazy crescem delicadamente, dividindo tristeza e celebração para depois reagrupar tudo em um mesmo composto. São raras as canções que se entregam por completo ao teor de tristeza, caso de Fighters, que parece curiosamente mais curta que as demais para não romper com o efeito amigável da obra.

Desenvolvido em um estágio de compreensão muito maior do que Welcome To Condale, o que por si só já vale a audição do disco, o novo álbum do Summer Camp parece abrir caminho para uma série de futuros inventos da dupla britânica. Não espere por nada grandioso ou talvez complexo, mas isso não quer dizer que você não acabe surpreendido por uma série de canções adocicadas, simples e pegajosas. O mesmo tipo de música que a banda desenvolve com beleza ao longo do presente disco.

Summer

Summer Camp (2013, Moshi Moshi)

Nota: 6.8
Para quem gosta de: Friends, Tennis e Class Actress
Ouça: Fresh, Crazy e Keep Falling

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.