Disco: “Summer Echoes”, Sin Fang

/ Por: Cleber Facchi 05/03/2011

Sin Fang
Icelandic/Indie Pop/Experimental
http://www.myspace.com/sinfangbous

 

Por: Fernanda Blammer

Depois de um agradável trabalho de estreia, Sindri Már Sigfússon, o compositor islandês no comando do Sin Fang (ele deixou de lado o “Bous” antigamente utilizado para nomear seu trabalho) marca seu retorno com Summer Echoes (2011). Com o novo disco, o músico menos transita por um cenário bem menos cerebral do que o seu primeiro trabalho de estúdio, enfatizando uma sonoridade mais acessível, sem deixar de lado a tonalidade lo-fi presente em boa parte das faixas de outrora.

Diferente da linha etérea seguida por um amplo número de músicos islandeses, cujo nome mais marcante é o Sigur Ros, Sigfússon se concentra na produção de faixas menos transcendentais e até mais concretas, mesmo que venham carregadas fortemente por elementos experimentais. Assim como em seu debute – Clangour (2009) – uma predisposição a sons que lembram Animal Collective à Caribou se faz presente. A diferença está na ausência de passeios psicodélicos dentro das faixas, fazendo com que mesmo excêntrico, o som do Sin Fang mantenha sempre os pés no chão, ou pelo menos um deles.

O fato de produzir uma sonoridade que não pise no mesmo campo etéreo de seus conterrâneos não quer dizer que os mesmos não possam participar desse trabalho. Uma gama de músicos do múm, Amiina e Seaber (banda do qual faz parte) vieram para integrar as gravações desse novo disco, que ocorreram todas no porão/estúdio da casa de Sindri. Como já atestou em entrevistas, a necessidade de um número grandioso de instrumentistas vinha com o objetivo de reproduzir em estúdio o mesmo resultado obtido nas apresentações ao vivo. E se o intuito era esse, ele conseguiu.

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Summer Echoes pode até não portar a mesma carga inventiva que se encontra em álbuns do gênero indie pop/experimental, porém se mostra um disco muito mais evoluído, quando comparado a estreia do músico. É como se com esse trabalho, Sigfússon fosse mais direto e de fato encontrasse seu rumo. Ao mesmo tempo em que as faixas chegam transbordando detalhes e se reconfiguram constantemente, como em Because of The Blood, a sonoridade proposta nesse disco é muito mais fácil do que no anterior.

Se a intenção do músico é a de criar um som que se aproxime do resultado obtido em clássicos contemporâneos como Merriwather Post Pavillion (2009), Veckatimest (2009) ou Odd Blood (2010), o Sin Fang ainda vai ter de batalhar muito. Mesmo com todas as evoluções presentes dentro desse álbum, faixas como Sing From Dream acabam desmotivando o ouvinte. O disco conta também com um número excessivo de caminhos a serem seguidos, o que acaba transformando o que poderia ser genial em confuso. Há desde composições voltadas para a folk music (Choir), rock (Nothings), freak-folk (Nineteen) e até faixas ritualísticas (Always Everything).

Sindri Sigfússon provou com esse álbum que está mais do que hábil a nos presentear futuramente com um lançamento catártico. Agora resta a ele saber que rumo escolher dentro da profusão de sons e formas que tem evidenciado nestes seus dois primeiros discos. Qualidade e criatividade o músico já mostrou ser dono, só resta saber como dominar isso.

 

Summer Beaches (2011)

 

Nota: 7.4
Para quem gosta de: Seabear, múm e Amiina
Ouça: Always Everything

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.