Disco: “Summer”, I Heart Sharks

/ Por: Cleber Facchi 06/12/2011

I Heart Sharks
German/Electronic/Indie
http://www.iheartsharks.net/

Por: Juliana Pinto

 

A revolução musical dos sintetizadores começou em meados da década de 70, mas foi na década de 80 que eles se tornaram elementos fundamentais no cenário, proporcionando um verdadeiro estouro de gêneros até então um pouco ofuscados: o synthpop, a new wave, o progressive rock e muitos outros sub-gêneros. Eu falo de revolução porque depois que os sintetizadores começaram a fazer parte do staff das maiores bandas internacionais, o mundo da música nunca mais foi o mesmo. É bem verdade que nos anos 2000 esse revival de bandas com sonoridade oitentista foi absurdo, foram dezenas de duplas e grupos que traziam uma pegada New Order na sua sonoridade em pleno século XXI.

No meio de tanta novidade surgindo, era preciso um diferencial para ascender no cenário eletrônico. E foi em Berlim, em 2008, que o I Heart Sharks começou a fazer música. O trio começou tímido, mas mais tarde deu suporte em shows do Friendly Fires, da Natalia Kills e do Does It Offend You, Yeah?. Ser diferente nesse cenário tão competitivo se mostrou vantajoso, afinal de contas. A banda, que insiste em tocar todas as partes das suas músicas ao vivo nos seus shows, trouxe o que há de melhor no synthpop alemão para o resto do mundo.

E com Summer, o debut dos meninos de Berlim lançado agora em 2011, eles provam que existe muito mais do que sintetizadores a serem explorados no new rave. Com uma sonoridade dark e urbana, o I Heart Sharks consegue fazer com seu disco de estréia o contrário do que o nome do trabalho sugere. Apesar de soarem bem Friendly Fires em alguns momentos, a aura tropical dos colegas de St. Albans não se faz muito presente. É curioso que num disco intitulado Summer, se encontre faixas feitas para a noite, para as pistas de dança das metrópoles que nunca dormem.

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A mistura meio garage, meio suja, que o grupo nos traz é exatamente o que dá destaque para o trio alemão. Sua melancolia parece agradável aos ouvidos quando mixada a sintetizadores tão bem orquestrados e batidas frenéticas (que vez ou outra nos remetem ao antigo Foals, da época de Antidotes, em 2008). No single Neuzeit, podemos ouvi-los em inglês e alemão, numa demonstração perfeita da adaptação que sofreram para chegar onde estão agora. Processo de adaptação esse que tornou mais acessível o electro do I Heart Sharks, mas que tirou um pouco da identidade do grupo (algumas faixas têm direito até a um sotaque britânico não intencional).

 As letras tímidas e de aspecto introspectivo dão o tom do Summer, que tem jeito enigmático e cara de trabalho de banda grande. O I Heart Sharks se faz promessa do indietronic com um debut encantador e forte, que dá vontade de dançar. Dá pra se apaixonar na primeira ouvida, e a tendência é gostar ainda mais a medida que Summer é digerido. Como na faixa que nomeia o registro diz: “Let’s just pretend it’s summer”.

Summer (2011, ADP Records)

Nota: 7.3
Para quem gosta de: The Sound Of Arrows, Is Tropical e Wolf Gang
Ouça: Wolves, Monogamy e Neuzeit

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.