Disco: “SUM/OM”, bEEdEEgEE

/ Por: Cleber Facchi 05/12/2013

bEEdEEgEE
Experimental/Pyschedelic/Electronic
http://beedeegee.com/

Por: Fernanda Blammer

Brian DeGraw

Brian Degraw passou boa parte da última década brincando com os experimentos. Imenso playground para a aplicação de ensaios psicodélicos e colagens eletrônicas, o coletivo Gang Gang Dance, banda da qual faz parte, trouxe na constante mudança de rumo um princípio para o abastecimento de todo o catálogo de obras conquistadas ao longo da carreira. Tendo como ápice o curioso Eye Contact, de 2011, a banda acabou entrando em um pequeno hiato. Um rápido respiro criativo para que cada integrante possa buscar por novas influências, ou, no caso de Degraw, uma completa reformulação da própria essência.

Em SUM/OM (2013, 4AD), primeiro registro solo do nova-iorquino, todo o conjunto de referências conquistadas com o GGD são novamente postas em prática, porém, em um tratamento pontuado pela novidade. Intimamente relacionado com o pop, o músico faz de cada composição um catálogo aberto para o uso de colagens e pequenos ensaios tortos, mas que em nenhum momento se relacionam com distancia do ouvinte. É como se o teor de plena instabilidade, fixado até pouco tempo, brincasse agora de ser comercial, o que de forma alguma priva Degraw da invenção.

Durante todo o trabalho, décadas de referências parecem arremessadas para cima do ouvinte. São passagens pelo Krautrock, transições pela Ambient Music e uma explícita relação com a psicodelia nova-iorquina dos anos 2000. A diferença em relação ao tratamento dado aos discos do GGD está na possível “linearidade” encontrada pelo músico, como se nada fosse além de um determinado ponto. O limite nesse caso são as canções de tratamento “comercial”, algo evidente no conjunto de versos amigáveis de Empty Vases, o jogo pop de Flowers (com vocais de Lovefoxxx), ou quem sabe a eletrônica de (F.U.T.D.) Time of Waste, parceria com Alexis Taylor do Hot Chip.

Mesmo que a relação de proximidade com o ouvinte médio seja um mecanismo de fortalecimento para o disco, em nenhum instante Degraw prioriza a construção de faixas óbvias ou possivelmente descartáveis. Observada com atenção, Empty Vases, uma das músicas mais “fáceis” do registro, só alcança um estágio de real aproximação com o público depois de quatro minutos de ruídos preparatórios. A música pop existe e preenche grande parte do álbum, a diferença está no fato de que para chegar até ela, é preciso escavar (e muito) a cobertura esquizofrência de cada faixa.

Todavia, em determinados momentos da obra, os possíveis instantes de simplicidade são inteiramente postos de lado. Em Bricks, por exemplo, os quatro minutos de duração da faixas são aplicados de forma a passear pelos ritmos. Estão lá cruzamentos com a eletrônica, mudanças bruscas de rumo e até um diálogo honesto com a World Music – referência direta do trabalho de Degraw com o GGD. Até a curtinha (intellectual property), oitava faixa do disco, cumpre bem o seu papel. Com samples de Funk Carioca (!) e colagens aleatórias de ruídos, a canção serve como um verdadeiro exemplo da incapacidade do músico em se manter estático, assumindo no conjunto breve de sons a abertura para o que Quantum Poet Riddim conduz até os instantes finais do disco.

Por conta do catálogo de experimentos que definem a obra do Gang Gang Dance, em determinados momentos do novo disco, a atuação de Degraw parece “limitada”. Seja pela ausência dos parceiros de banda ou a própria escolha em produzir um disco menor, todos os elementos instalados no interior do disco parecem funcionar até certo ponto. Uma sensação de que tudo não passa de um bem sucedido ensaio para o que o músico deve revelar em breve, não em carreira solo, mas com o antigo grupo.

 

Brian Degraw

SUM/OM (2013, 4AD)

Nota: 7.5
Para quem gosta de: Gang Gang Dance, Animal Collective e High Places
Ouça: Empty Vases, (F.U.T.D.) Time of Waste e Bricks

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.