Disco: “Sun and Shade”, Woods

/ Por: Cleber Facchi 23/05/2011

Woods
Lo-Fi/Psychedelic/Folk
http://www.myspace.com/woodsfamilyband

Por: Fernanda Blammer

A palavra “descanso” parece não fazer parte do vocabulário da nova-iorquina Woods. Como se não bastasse ao grupo formado por Jeremy Earl, G. Lucas Crane, Kevin Morby e  Jarvis Taveniere vir desde 2006 elaborando um fluxo constante de lançamentos, a banda ainda se reveza na criação de projetos paralelos e colaborações com outros artistas que circundam na famigerada cena do Brooklyn. Sem pausas e dando sequência ao ótimo At Echo Lake (2010), a banda retoma suas atividades com mais um bom disco, tomado pela psicodelia, ambientações lo-fi e um pé bem cravado no freak-folk.

Se com o último disco o grupo transparecia um possível foco no desenvolver de uma sonoridade mais fácil, menos viajada, mas ainda assim entregue ao clima caseiro, com o mais recente disco, denominado Sun and Shade (2011), os norte-americanos dão sequência a sua maturidade instrumental, se entregando de vez à psicodelia e promovendo mais um cuidadoso álbum. A fórmula acústica é a mesma dos trabalhos anteriores, porém aqui parece melhor resolvida, com o grupo amarrando as experimentações dentro de um conjunto de acordes e vozes de forma mais esparsa, distribuindo a insanidade do grupo ao longo das canções.

Por mais que o trabalho venha permeado por composições mais curtas, transitando entre os dois e os três minutos de duração, a dupla de gigantes Out Of The Eye e Sol Y Sombra (a primeira com sete e a segunda com mais de nove minutos) são as faixas que de fato revelam a beleza que perpassa a obra dos nova-iorquinos. Em ambas as músicas o quarteto se apoia na construção de um som mais ambiental, com as guitarras e violões se derretendo no desenrolar das canções, enquanto uma percussão peculiar tenta ampliar suas formas. É nesse momento que o grupo alcança seu ápice, proporcionando uma dupla viagem de pura excelência musical e que realmente transmite o espírito da Woods.

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Se em criações mais extensas a banda se perde em meio ao instável passeio de seus instrumentos, nos registros de menor duração é a sensibilidade e certo toque de sofrimento que acaba se abatendo sobre as músicas. Dessa forma surgem as delicadas Wouldn’t Waste e Say Goodbye (uma das faixas mais fáceis e grudentas já criadas pela banda), onde os versos chegam carregados por um som mais leve, tocado por uma simplicidade necessária e também, uma espécie de alivio depois das extensas viagens mestradas pelo grupo.

Quando em seus arranjos mais modestos, principalmente os entregue nas faixas Be All Be Easy e Hand It Out, o quarteto acaba por experimentar novos tipos de sons, escapando das repetições e do que poderia derrubar a eficácia do álbum. Enquanto na primeira canção o grupo soa como um Bon Iver meio “sujo”, exaltando um coro controlado de vocais e acordes simples de violão, com a segunda faixa a banda se aproxima do Real Estate, criando um som que mesmo entregue às tendências psicodélicas, acaba por soar mais concentrado e por isso mais belo.

Em relação aos trabalhos anteriores, principalmente a partir de Songs of Shame (2009), quando a banda de fato organizou seus sons,  Sun and Shade se revela como um álbum mais calmo, melhor resolvido e ainda assim trazendo o catálogo de referências que definem o som da Woods. Instrumentalmente a banda vai do “exaltado” ao brando em uma frequência ímpar de sons, que ingressam o ouvinte em um cenário que cruza o urbano com o rural, como se os dois elementos fossem apenas um.

Sun and Shade (2011)

Nota: 7.9
Para quem gosta de: Real Estate, Kurt Ville e The Dodos
Ouça: Sol Y Sombra

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.