Disco: “Super Mom”, The Very Best

/ Por: Cleber Facchi 11/05/2011

The Very Best
World Music/Electronic/Hip-Hop
http://www.myspace.com/theverybestmyspace

Por: Fernanda Blammer

Embora pouco conhecido no Brasil, o projeto The Very Best – formado pelo duo Esau Mwamwaya e Johan Karlberg (Etienne Tron, antigo integrante deixou a banda após o lançamento de Warm Heart of Africa em 2009) – é indubitavelmente um dos projetos mais audaciosos e atualmente o mais interessante quando o assunto é World Music. Unindo elementos da música africana, do indie rock, hip-hop e da música eletrônica, a banda chega agora com seu terceiro registro, a poderosa mixtape Super Mom (2011), que cruza 12 canções com o melhor da música pop contemporânea com as peculiaridades típicas do continente africano.

Quem esperava por um segundo disco de inéditas do TVB terá de aguardar um pouco mais até o feito se concretize, contudo, enquanto o álbum novo não chega ficar ao som da dúzia de faixas construídas na nova Mixtape da dupla é um “sacrifício” que merece ser feito. Quem conheceu o trabalho do antigo trio em 2007 (através do lançamento de Esau Mwamwaya and Radioclit are the Very Best) sabe que o jogo de samplers, cruzamentos entre faixas e inserções musicais variadas do projeto resulta em uma sequência feita para tirar o fôlego do ouvinte, algo que se repete nesse terceiro lançamento em mais uma dose única de inventividade.

Para preencher a lacuna do desfalcado integrante, a dupla foi atrás dos maiores nomes do pop, rock e hip-hop atual para que juntos, aliados aos ritmos dançantes do afrobeat pudessem solidificar as composições repletas de vivacidade que são encontradas em Super Mom. O primeiro a se juntar à banda é Cee-Lo Green, logo na segunda canção do disco, a baladeira What Part Of Forever. Mais à frente é o rapper britânico Macc Mello, que junto da dupla revive Runaway, épico de Kanye West do álbum My Beautiful Dark Twisted Fantasy (2010) em uma versão mais curta e ainda mais empolgante da canção.

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O destaque maior, porém, fica por conta de Secousse, que entre diversos participantes destaca a presença da brasileira Marina Gasolina (Ex-Bonde do Rolê). Em pouco mais de seis minutos a faixa roda o mundo, fragmentando-se em sons oriundos do afrobeat, hip-hop, pop, funk carioca, calypso e reggaeton, numa profusão de ritmos e texturas em que o objetivo único é o de favorecer a dança. Para dar um pouco de respiro ao disco a dupla lança na sequência Eyes Without a Face, um synthpop suave que brinca com o clássico de Billy Idol, entrelaçando os vocais de Mwamwaya e trazendo a canção para dentro da mesma frequência do disco.

Contudo é com a versão reformulada de I Can Change, do último disco do LCD Soundsystem, que o The Very Best constroi a melhor versão de todo o trabalho. As bases e os refrões de James Murphy  são os mesmos, a diferença está nas pequenas, porém eficientes inserções da dupla, complementando a criação do nova-iorquino com uma percussão quase imperceptível e mais uma dose extra de sintetizadores. E como se não bastasse o duo solta logo na sequência uma versão de Running Up That Hill de ninguém menos que Kate Bush. Se isso é apenas uma mixtape, o que dirá o próximo álbum de inéditas do TVB?

Se mesmo assim você ainda se sentir dependente de alguma novidade, a dupla manda duas canções inéditas de presente, uma na abertura do álbum (autointitulada) e outra no final, Mama, que trazem as mesmas referências do disco anterior, porém acrescidas de uma carga extra de teclados e ritmos mais eletrônicos, como se os synths oitentistas tomassem conta das nuances regionais. Entre veteranos e novidades, mais uma vez é o The Very Best que pega a todos de surpresa.

Super Mom (2011)

Nota: 8.o
Para quem gosta de: Radioclit, Fela Kuti e M.I.A.
Ouça: I Can Change

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.