Disco: “SVIIB”, School Of Seven Bells

/ Por: Cleber Facchi 01/03/2016

School Of Seven Bells
Dream Pop/Shoegaze/Electronic
http://www.sviib.com/

 

Mesmo em uma explícita zona de conforto que teve início com o álbum Alpinisms, em 2008, a banda nova-iorquina School of Seven Bells está longe de parecer redundante. Em SVIIB (2016, Vagrant), primeiro registro de estúdio desde a morte de Benjamin Curtis – vítima de um câncer em 2013 -, Alejandra Deheza, única remanescente da formação original, cria uma obra dominada pelo uso de melodias acessíveis, reforçando a essência “pop” incorporada desde o último álbum de estúdio, Ghostory (2012).

Dominado pelo uso de sintetizadores e guitarras etéreas, SVIIB, diferente dos últimos trabalhos da banda, se apresenta como uma obra de limites claramente bem definidos. São apenas nove composições, pouco mais de 40 minutos de duração em que a voz de Deheza passeia por um universo de arranjos etéreos, sintetizadores límpidos e todo um bem servido cardápio de versos que vão da aceitação da morte ao romantismo confesso.

Abra seus olhos amor / Porque você foi dormir / Está ficando difícil de suportar / Assistir você sozinho”, canta Deheza em Open Your Eyes. Terceira canção do disco, a faixa de versos entristecidos tanto aponta para o mesmo universo de temas sentimentais discutidos previamente em outros trabalhos da banda, como dialoga com a ausência do ex-integrante Benjamin Curtis. Um jogo delicado de temas intimistas que acompanham o ouvinte até os últimos instantes do disco, na derradeira This Is Our Time.

On My Heart é outra que explora o mesmo conceito. “Houve um você antes de mim / Houve alguém como eu antes de você / E essa é assim que as coisas são”, canta Deheza enquanto uma nuvem de sintetizadores e batidas eletrônicas criam um rico pano de fundo para as vozes. A mesma estrutura musical ampliada posteriormente em faixas como A Thousand Times More, Signals ou mesmo em Ablaze, música de abertura do disco.

Com faixas como On My Heart, Open Your Heart, Elias e A Thousand Times More, SVIIB chega ao público como o trabalho mais coeso e comercialmente bem resolvido de toda a trajetória da banda. Trata-se de uma versão descomplicada do mesmo material apresentado nos dois primeiros trabalhos em estúdio do grupo, os ótimos Alpinisms (2008) e Disconnect from Desire (2010).

Visivelmente ancorado em clássicos como Heaven or Las Vegas (1990) do Cocteau Twins e Rock Bottom (1974) de Robert Wyatt, além, claro, de obras recentes assinadas por bandas como A Sunny Day In Glasgow e Beach House, SVIIB passeia por uma infinidade de terrenos sem necessariamente perder a assinatura da banda. Um novo caminho do ponto de vista sorumbático que rege os versos de Alejandra Deheza, mas uma clara continuação dos três últimos discos entregues pela banda.

 

SVIIB (2016, Vagrant)

Nota: 8.0
Para quem gosta de: A Sunny Day In Glasgow, I Break Horses e No Joy
Ouça: Open Your Eyes, On My Heart e A Thousand Times More

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.