Disco: “Synthetica”, Metric

/ Por: Cleber Facchi 21/06/2012

Metric
Canadian/Synthpop/Indie Rock
http://ilovemetric.com/

Por: Fernanda Blammer

Por mais vasta que seja a cena canadense e inúmeros sejam os projetos que lá foram montados apenas na última década, poucos são capazes de igualar a mesma maestria e o sentimento de união esbanjado pelo coletivo Broken Social Scene. Mesmo que hoje a banda não seja nem metade da imensa formação que fora em um passado recente, a força do outrora gigante coletivo reverbera em um vasto contingente de outros projetos. Seja por meio das faixas suaves de Leslie Feist, as canções monumentais do Stars ou mesmo os projetos solo de diversos membros da banda, como uma imensa árvore o coletivo estende suas raízes por uma variedade de solos e distintos terrenos.

Sempre orientado por uma proposta mais dançante e comercial, o Metric é uma dessas inúmeras variações do BSS, afinal, antes de se entregar aos teclados e vozes plásticas, lá estava Emily Haines e James Shaw se revezando na produção e construção de boa parte das faixas do imenso grupo canadense. Ao final da década de 1990, entretanto, o casal e dois novos companheiros passaram a investir ativamente no que viria a se transformar Old World Underground, Where Are You Now? (2003), primeiro e ainda frio trabalho da nova banda, que passada mais de uma década atinge agora a maturidade com o quinto e mais recente lançamento de estúdio.

Synthetica (2012, Metric) como o próprio título já aponta é um registro inteiramente consumido e delimitado pelos sintetizadores. De fato, logo que o álbum começa ao som da faixa Artificial Nocturne a primeira coisa que nos damos conta são as camadas de harmonias robóticas que se anunciam ao fundo da composição. No meio do disco, enquanto Dreams So Real e Lost Kitten brigam pela atenção dos ouvintes, são os sintetizadores que mais uma vez chamam as atenções. E lá ao final do trabalho, quando Nothing But Time chega para pontuar o álbum, são os mesmos sintetizadores amenos da canção que garantem encerramento digno ao disco. Contudo, oposto dos registros anteriores, aqui os teclados não são apenas um complemento, eles definem o álbum em si.

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Por mais que a proposta já fosse visível em lançamentos anteriores, diferente dos últimos registros da banda, em que a busca por uma proposta instrumental arrastava o quarteto para diferentes focos, ora bebendo da música pop, ora do indie e por vezes da eletrônica, hoje os sintetizadores parecem definir de vez a marca dos canadenses. Com um salto evolutivo tão grande quanto o dado pelo Yeah Yeah Yeahs no disco It’s Blitz!, em Synthetica a banda abandona as guitarras de maneira cuidadosa e bem instruída, evitando durante toda a execução do trabalho o aparecimento de erros tão visíveis quanto os que definiram o raso disco anterior, Fantasies de 2009.

Mais do que um disco de música pop dançante, o quinto álbum dos canadenses permite que eles se aproximem de uma sonoridade quase conceitual e visivelmente bem planejada. Mesmo quando a banda alcança os momentos mais comerciais do disco, como no single Youth Without Youth (um verdadeiro acerto para as pistas de dança), o tratamento não convencional permite que o grupo consiga ir além do que estava acostumado a atingir nos discos passados, lembrando muito um Goldfrapp da fase Head First mais empolgado ou um Scissor Sisters sem o clima quente da Dance Music ou o colorido gay que preenche a melodia e os versos das faixas.

Longe do toque nostálgico dos anos 80, o registro surge como um álbum de synthpop contemporâneo, que mesmo próximo de lembrar alguns bons hits e tendências no passado, passa longe de se misturar com o que fora desenvolvido há mais de três décadas. Synthetica ainda está distante de promover um resultado tão grandioso quanto o proposto pela antiga banda de Emily Haines, o que de forma alguma impede que a banda não possa garantir alguns momentos mais empolgados, composições bem produzidas e uma seleção de músicas que parecem prontas para colar nos ouvidos.

Synthetica (2012, Metric)

Nota: 7.0
Para quem gosta de: Goldfrapp, Ladyhawke e Yeah Yeah Yeahs
Ouça: Nothing But Time e Youth Without Youth

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.