“Take Care, Take Care, Take Care”, Explosions In The Sky

/ Por: Cleber Facchi 15/03/2011

Explosions In The Sky
Post-Rock/Instrumental/Experimental
http://www.myspace.com/explosionsinthesky

Por: Cleber Facchi

“42”, segundo Douglas Adams em seu Guia do Mochileiro das Galáxias (The Hitchhiker’s Guide to the Galaxy), está é a resposta para a vida, o universo e tudo mais. Porém, além dessa bela obra da ficção cientifica, outros trabalhos, sejam eles filmes, livros ou discos nos levam a questionar sobre existencialismos e respostas inconclusas sobre a nossa própria existência. Entre estes meios está Take Care, Take Care, Take Care (2011), novo disco de estúdio da banda texana Explosions in The Sky, que além de nos levar a refletir sobre múltiplos aspectos, sejam eles relevantes ou não para a nossa vida, acaba também trazendo soluções e respostas.

Ouvir qualquer disco do quarteto Mark Smith, Chris Hrasky, Munaf Rayani e Michael James é quase uma garantia de encontro com um bom registro sonoro. Desde que foi formada em 1999 na cidade de Austin, a banda já nos agraciou com cinco trabalhos de estúdio – How Strange, Innocence (2000), Those Who Tell the Truth Shall Die… (2001), The Earth Is Not a Cold Dead Place (2003), The Rescue (2005) e All of a Sudden I Miss Everyone (2007) – todos fundamentados dentro de uma sonoridade desenvolta com precisão e que em nenhum momento soa redundante. Com o novo álbum a banda se apresenta de maneira ainda mais precisa e direta.

Se durante o último álbum lançado em 2007, a banda até desmerecia levemente o bom rendimento de sua carreira, por conta de faixas ambientais a pasteurizadas demais (o quarteto despontava uma ambição muito latente nas composições), com este sexto registro qualquer erro se converte em acerto. Quem nunca ouviu o som da banda pode até estranhar, “Como assim? Apenas seis faixas?”, sim, apenas seis canções, porém cada uma delas (com exceção de Trembling Hands) contam com aproximadamente oito minutos de duração, sendo que toda essa extensão acaba muito antes dos esperado.

Ao contrário dos discos anteriores em que o grupo preparava o ouvinte através de uma longa introdução na abertura das faixas, para só então despejar seu poderio em um momento explosivo, em Take Care… tudo chega de maneira mais rápida e assertiva. Isso não quer dizer que a banda deixou de lado o cuidado e a orquestração essencial dos trabalhos anteriores, basta ouvir Human Qualities para perceber como tudo soa mais prático. O que se convertia em uma massa uniforme do começo ao fim da faixa, cortado por um ou dois momentos magistrais, agora se orienta numa crescente constante que cresce ainda mais quando o grupo desponta toda sua instrumentação grandiosa.

Acima de muitos trabalhos com foco no Post-Rock, a discografia do Explosions In The Sky se configura de maneira humana, por isso de toda a questão “reflexiva” da abertura do texto. A orquestração orgânica, com cada instrumento sendo facilmente assimilável e distinguível transmite um sentimento extasiante e que vai se intensificando ao longo do trabalho. A ausência de vocábulos faz com que as sutilezas de Be Comfortable, Creature, por exemplo, transmitam uma sensibilidade universal, afinal, a música dos texanos vai muito além de um mero explorar de manifestações acústicas, funcionando muito mais como algo a ser sentido, repensado e talvez compreendido.

Diferente de muitos discos que exploram a música instrumental de uma maneira quase matemática e programada, esse novo disco do quarteto de Austin flui de maneira solta, embora direta, como se não houvesse algo a delimitar o trabalho, deixando com que cada som cresça e se desenvolva de sua própria maneira, tornando assim o álbum o produtor inédito a cada nova audição. Assim como a banda surpreendeu em Those Who Tell The Truth Shall Die… e The Earth Is Not a Cold Dead Place, eles voltam a nos agraciar aqui com um trabalho fino, desafiador e que nos encaminha para questionamentos e respostas sobre a vida, o universo e tudo mais.

Take Care, Take Care, Take Care (2011)

Nota: 8.0
Para quem gosta de: Mogwai, Mono e God Is Na Astronaut
Ouça: Trembling Hands

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.