Disco: “Thank You Happy Birthday” Cage The Elephant

/ Por: Cleber Facchi 14/01/2011

Cage The Elephant
Pop/Rock/Punk
http://www.myspace.com/cagetheelephant

O Cage the Elephant é uma dessas bandas que enganam. Mesmo ouvindo desatentamente o novo disco do grupo é visível que eles gostam mesmo é de mentir. Guitarras cortantes do começo ao fim, uma gritaria desesperada (sem motivo aparente) e aquela postura de banda cool-punk-engraçadinha que deve fazer as meninas tremerem as pernas. Rebeldia e mais rebeldia a troco de nada. Mas você sabe como é, banda de rock é assim mesmo. Ou seria banda pop?

Auto-intitulada um grupo de “punk rock enérgico” a banda formado por Matthew Shultz, Brad Shultz, Lincoln Parish, Daniel Tichenor e Jared Champion deve ter se irritado e muito durante a adolescência na mediana cidade de Bowling Green, no estado norte-americano de Kentucky. Um município pequeno, feito aquelas típicas cidadezinhas americanas que habitam as telas do cinema, esse é o cenário de onde se originou o grupo anteriormente chamado de Perfect Confusion (ahhh! Mas esses garotos são muito baderneiros mesmo). Sem o que fazer na cidade o grupo precisava “lutar contra o sistema” de alguma forma, e que escolha melhor para manter essa luta do que através do “punk rock”?

De fato, o quinteto não tem nada de agressivo e suas canções preferem mais é falar sobre o amor e o coração partido do eu lírico de seu vocalista, do que sobre a fome na África ou o consumo exagerado na América. Se fosse necessário situar o Cage The Elephant em algum período de tempo de onde o grupo suga suas referências, não seria claramente no ano de 1977. Até mesmo pelo fato de que se a banda ouviu Never Mind the Bollocks do Sex Pistols mais do que uma vez seria muito. Nem o Green Day da fase Dookie deve servir para explicar o som da banda. Talvez a influência mais latente na banda sejam os Boxes de DVD com todas as temporadas de One Three Hill ou The O.C. com todas aquelas bandinhas de pop rock que machucavam o coração das meninas e é claro, dos garotos do Cage The Elephant.

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Nas primeiras faixas qualquer indivíduo desavisado pode até ser enganado pela sonoridade “agressiva” do quinteto. Eles até se motivam e destilam uma série de canções agitadas, embora lentamente as faixas vão se mostrando completamente artificiais e indispõem de uma sonoridade verdadeiramente intensa. Aberdeen, por exemplo, com um vocal que parece que lembra muito Brian Molko do Placebo, até empolga, mas no meio do refrãozinho gritado e adolescente a vontade que se tem não é de pular, socar a parede e gritar “Yeahhhhhhh”, mas de levar as mãos à face e morrer de vergonha.

A “tinta punk” que o grupo usa para se pintar nas faixas iniciais de Thank You Happy Birthday aos poucos vai se desbotando. Do meio do disco pra frente é que a banda mostra quem realmente é: um grupo de pop rock melódico como tantos outros, um grupo de amigos que gosta de falar de amor e prefere não fazer tanto barulho. Sobra até para o grupo plagiar a clássica canção dos Pixies, Where is My Mind, através da imitação barata Around My Head. Mas qual o problema? Afinal, uma banda que mente em um disco inteiro, pagando de punk revolucionário, o que é mais uma mentirinha não é mesmo?

 

Thank You Happy Birthday (2011)

 

 

Nota: 5.9
Para quem gosta de: Green Day, My Chemical Romance e The Thermals
Ouça: Sabertooth Tiger

Por: Cleber Facchi

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.