Image
Críticas

Beach House

: "Thank Your Lucky Stars"

Ano: 2015

Selo: Sub Pop

Gênero: Dream Pop, Lo-Fi

Para quem gosta de: Lower Dens e Wild Nothing

Ouça: Elegy to the Void, She's So Lovely

8.3
8.3

Resenha: “Thank Your Lucky Stars”, Beach House

Ano: 2015

Selo: Sub Pop

Gênero: Dream Pop, Lo-Fi

Para quem gosta de: Lower Dens e Wild Nothing

Ouça: Elegy to the Void, She's So Lovely

/ Por: Cleber Facchi 23/10/2015

Com o lançamento de Sparks, em junho deste ano, foi difícil manter a expectativa baixa para o quinto álbum de estúdio do Beach House, Depression Cherry (2015). Guitarras sujas, arranjos crescentes e todo um (novo) jogo de referências que pareciam distanciar a dupla Victoria Legrand e Alex Scally do som testado até o último álbum de inéditas da banda, Bloom (2012). O resultado não poderia ser outro. Com o lançamento do trabalho, a dupla, unanimidade desde a obra-prima Teen Dream (2010), viu público e crítica se dividir, confusos pelo material ora enérgico, ora contido que sustenta a obra.

Lançado de surpresa, sem grandes preparativos, Thank Your Lucky Stars (2015, Sub Pop), sexto trabalho de estúdio da dupla, chega até o ouvinte como uma fuga desse universo tumultuado. Recheado com nove canções – mesmo número de faixas de Depression Cherry -, o álbum de apenas 40 minutos estabelece uma espécie de regresso instrumental, transportando banda e público para o mesmo ambiente melancólico detalhado nos inaugurais Beach House (2006) e Devotion (2008).

Salve One Thing, composição mais “enérgica” da obra, Thank Your Lucky Stars sobrevive como um trabalho que se distancia de canções “comerciais” e atos grandiosos, rompendo com a pequena trilha de hits deixados pela banda nos últimos registros de inédita. Em uma montagem delicada, Legrand, Scally e o produtor Chris Coady (Zola Jesus, Smith Westerns) estimulam a construção de uma obra fechada, propositadamente tímida, como se cada faixa servisse de estímulo para a música seguinte.

Em uma dança lenta, sintetizadores, guitarras e vozes se espalham com extrema sutileza, confortando o ouvinte em um cenário que se esquiva de possíveis exageros. É necessário tempo até que a dupla de fato apresente o núcleo da canção, proposta que inaugura cada uma das nove faixas com longos e detalhados atos instrumentais. Música mais extensa do disco, Elegy to the Void reflete com naturalidade essa proposta, arrastando o ouvinte durante quase três minutos até o pequeno ápice sustentado pelas guitarras de Scally.  

Interessante notar que mesmo com essa atmosfera “lenta”, Thank Your Lucky Stars em nenhum momento soa como um registro penoso para o ouvinte. Claro que depois de uma sequência de obras acessíveis e canções como Walk in the Park, Wild e Sparks seria natural esperar um registro na mesma medida, nada que a composições econômicas (e ainda sedutoras) como She’s So Lovely e All Your Yeahs não sejam capazes de solucionar. Um jogo de emanações empoeiradas que parece crescer lentamente.

Longe de parecer um registro de sobras ou continuação do trabalho anterior, Thank Your Lucky Stars, como a própria banda defendeu durante o anúncio de lançamento, é uma obra abastecida por temas e elementos particulares. Da forma como os arranjos se encaixam ao jogo sombrio que manipula os versos – cada vez mais distantes da personagem assumida por Legrand -, todos os elementos se articulam de forma a revelar um novo achado dentro da discografia da banda.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.