Disco: “Thao & Mirah”, Thao & Mirah

/ Por: Cleber Facchi 29/04/2011

Thao & Mirah
Indie Pop/Female Vocalists/Alternative
http://thaomusic.com/
http://www.mirahmusic.com/

Por: Fernanda Blammer

Depois da boa repercussão da turnê conjunta entre Thao Nguyen e Mirah (cada uma acompanhada de sua respectiva banda), ambas figuras conhecidas da música independente californiana, o lançamento de um disco em conjunto não seria surpresa para ninguém. Contudo, ao invés de lançarem um trabalho fracionado, com as faixas divididas em uma espécie de “split álbum”, a dupla resolveu se entregar de vez ao projeto, gerando um cuidadoso achado pop dotado de delicadezas e ótimo arranjo, dando destaque às duas cabeças pensantes do disco.

Não estranhe a similaridade da faixa de abertura, Eleven, ou mesmo das demais composições de  Thao & Mirah (2011) com o resultado encontrado no álbum w h o k i l l (2011), último trabalho de estúdio do tUnE-yArDs, afinal, Merrill Garbus, líder do projeto marca sua presença nessa e em boa parte das canções do disco. A musicista de São Francisco é a responsável por trazer ao álbum toda a climatização experimental, marcada pelo bom uso da percussão ou mesmo dos vocais excêntricos, que quando se contrapõem às sofisticações da dupla resultam em um trabalho mais do que agradável.

A medida que o disco vai se desenvolvendo, a sonorização mais “explosiva” encontrada no início, e que deixa transparecer a face de sua produtora, acaba ficando de lado, deixando que os arranjos puramente folk e toda a comoção proposta pela dupla possa se apresentar. Dessa forma saltam aos ouvidos sutilezas como Little Cup, que embora não sejam composições que se destacam por seu seu ineditismo, ganham o ouvinte por suas porções açucaradas de acordes e percussões minimalistas.

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Mesmo que o duo aos poucos se desprenda da influência de Garbus, ainda escapam canções onde a presença da cantora torna-se mais do que perceptível. Um desses momentos é Rubies and Rocks, uma das melhores composições do disco e que, por meio de um esculpido arranjo de metais, acabam por transportar todo o trabalho para dentro de um panorama ensolarado, mesclando elementos do afrobeat que se evidenciam nas dançantes batidas da faixa. Outra que soa como uma visível dissidente de w h o k i l l é Squareneck, parecendo um verdadeiro b-side do disco de Merrill por meio de sua levada dançante e ao mesmo tempo rebuscada.

Entretanto é nessa divisão entre o doce, o sofisticado e o sereno, se contrapondo ao dançante e o lado “roqueiro”, que o álbum vai se construindo. Sempre que chegam faixas como Hallelujah, adornadas por um compenetrado acompanhamento de violões, com a dobradinha de vocais cantando baixo, quase sussurrado, em seguida tempos o oposto, com uma sequência de acordes expansivos, como se o disco fosse tocado de forma aleatória, sem um padrão pré-definido.

Em meio a essa sobreposição de doces e amargos que definem a dicotomia do disco, a dupla consegue agradar a distintos públicos, sem se desvincular de seus antigos seguidores. Embora seja visto como um trabalho formalizado por duas integrantes, esse primeiro disco de Thao e Mirah (torçamos para que venham mais por ai) só consegue se garantir mediante a trinca de influências vindas tanto das duas “líderes”, como de Merrill Garbus, que surge como uma espécie de liga para todas as distintas nuances criadas ao longo do LP.

Thao & Mirah (2011)

Nota: 7.8
Para quem gosta de:  tUnE-yArDs,  Thao Nguyen e Mirah
Ouça: Eleven

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.