Disco: “The Book Of David”, DJ Quik

/ Por: Cleber Facchi 01/05/2011

DJ Quick
Hip-Hop/Rap/West Coast Rap
http://www.myspace.com/djquik

Por: Cleber Facchi

DJ Quik pode não ter o mesmo reconhecimento que nomes como Snoop Dog, Dr. Dre, Ice Cub, 2Pac ou diversos outros  rappers ligados ao “gênero” west coast conquistaram ao longo de suas carreiras, mas certamente é um dos responsáveis por toda a expansão do estilo na década de 1990, assim como a proliferação do gangsta rap. Com uma carreira intocável, que já atravessa duas décadas, o californiano solta agora The Book Of David, seu oitavo disco de estúdio e um dos trabalhos mais poderosos de sua carreira.

Embora venha se aventurando no hip-hop desde o final dos anos 80 (quando elaborava e vendia mixtapes caseiras) e conte com uma das discografias mais solidas do rap norte-americano – Quik Is the Name (1991), Way 2 Fonky (1992), Safe + Sound (1995), Rhythm-al-ism (1998), Balance & Options (2000), Under tha Influence (2002), Trauma (2005) e The Book of David (2011) – Quik, que ganhou esse nome por sua rapidez na construção das faixas, sempre obteve um maior destaque em seus trabalhos como produtor, do que através de seus versos.

Dentro da gigantesca lista de artistas que passaram pelas mãos do produtor estão Snoop Dog, Jay-Z, Ludacris, Ice Cube, divas da música pop como Janet Jackson e Mariah Carey, além de gente como Maroon 5 (!) e Will Smith. Todos dentro de uma enorme seleção, onde a palavra versatilidade faz mais do que sentido. Para seu oitavo disco, David Marvin Blake (esse é seu verdadeiro nome) se assume como um verdadeiro faz tudo, responsabilizando-se pela produção do álbum, a construção das bases e, claro, seus versos.

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Mesmo que assuma a tarefa sozinho, algo que Blake já vem desenvolvendo desde seus primeiros discos, The Book Of David de forma alguma é um registro solitário. Para dar sustentação às 16 pérolas do disco, o californiano encontrou nas mais diversas parecerias a liga que faltava aos seus versos. Entre os grandes destaques estão Ice Cube, que em Boogie Till You Conk Out arremessa o álbum de volta aos anos 90, numa bela aula de rimas. A presença de Bizzy Bone e Blankkazz fazem com que Babylon se transforme em um hit mais do que fácil, algo que se repete na suave Real Woman, com participação de Jon B.

Porém nenhuma participação se iguala a de Garry Shider na faixa The End, canção que fecha o disco. O eterno músico do Parliament-Funkadelic se apresenta cheio de graça reverberando seus vocais de forma descontraída, trazendo ao álbum uma pegada de psicodelia e soul music, mesmo que momentânea. As boas participações, entretanto, não ofuscam o rapper quando este se aventura sozinho, como em Killer Dope, facilmente uma das melhores faixas de todo o trabalho. O mesmo vale para Ghetto Rendezvous e Fire and Brimstone, com Quick se virando totalmente por conta própria.

Assim como em BlaQKout (2009), trabalho realizado em parceria com o rapper Kurupt (que aparece na faixa Flow For Sale do presente registro), Quick parece de fato ter encontrado seu caminho, não como produtor, mas como rapper. A forma despojada com que o álbum vai se abrindo, pendendo de forma até nostálgica aos primeiro discos do californiano apenas comprovam toda a habilidade de Blake em seus trabalhos, sabendo dosar seus versos em múltiplas formas. DJ Quik há muito não está mais vivendo a sombra de outros rappers e  The Book Of David  é apenas mais uma prova disso.

The Book Of David (2011)

Nota: 8.0
Para quem gosta de: Suga Free, Kurupt e Ice Cube
Ouça: Killer Dope

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.