Disco: “The Cosmic Birth and Journey of Shinju TNT”, Akron/Family

/ Por: Cleber Facchi 14/01/2011

Akron/Family
Folk/Psychedelic/Experimental
http://www.myspace.com/akronfamily

O Akron/Family é uma dessas bandas louváveis e completamente excêntricas do rock contemporâneo. Com uma discografia de causar inveja, talhada em uma sonoridade hippie festiva os nova-iorquinos mantém inabalável suas composições psicodélicas que se afundam no que há de mais estranho vindo dos anos 60 e 70. Ritmos inconstantes, explosões sonoras e um clima intenso de comemoração marcam a curta carreira do grupo que em 2011 entrega ao público mais um novo e revigorado trabalho.

Verdade seja dita: Set ‘Em Wild, Set ‘Em Free (2009) último disco (até então) lançado pelo grupo é um trabalho bem chato. É como se o álbum inteiro fosse tocado sem que a banda de fato estivesse lá. Falta tudo ao disco. Falta entusiasmo, intensidade, uma boa instrumentação e o velho espírito festivo que sempre esteve presente nos álbuns anteriores da banda. Por outro lado sobram outros atributos. Excesso de canções infundadas, de experimentações desnecessárias e de irresponsabilidade por parte do trio composto por Dana Janssen, Seth Olinsky e Miles Seaton em lançar algo como aquilo. Como se não bastasse a banda ainda arrota na sua cara (ou você acha que o final da faixa MBF é algum som intelectualizado distorcido?) em uma das canções.

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Pronto, depois de lavar a alma a respeito do último disco vamos para o mais recente trabalho do Akron/Family: S/T II: The Cosmic Birth and Journey of Shinju TNT (2011). E de cara já dá para adiantar que a banda volta às suas raízes, se vê livre dos erros do passado, porém não é ainda o seu melhor disco. Afinal, um “melhor disco” seria algo realmente complicado, até mesmo pelo fato de que o grupo já nos presenteou com Love Is Simple (2007) o trabalho mais marcante de sua carreira, entretanto há brilho e entusiasmo no mais novo projeto da banda.

Existe uma perceptível divisão no novo álbum. De um lado estão canções mais introspectivas e organizadas pela construção detalhada de suas composições, menos alegres, mais experimentais, porém completamente distantes do mesmo ritmo monótono dado ao trabalho anterior. No oposto vêm as faixas explosivas do grupo, repletas de entusiasmo, guitarras bem dosadas e o climão de festa e comemoração que sempre deu suporte ao grupo, principalmente em suas apresentações ao vivo. E há ainda um terceiro grupo, que agrega elementos dessas duas vertentes produzindo o que existe de mais belo no álbum, exemplificado por faixas como Light Emerges.

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As faixas repletas de suporte vocálico e feitas para serem cantadas em coro voltam a marcar presença no novo disco. Esse mesmo clima é o que faltou no trabalho anterior e que foi amplamente usado nos demais álbuns para dar distinção ao grupo. A instrumentação acústica por sua vez se mostra bem mais reduzida do que nos trabalhos anteriores. Há uma preferência latente pelas guitarras e principalmente pela inclusão de solos limpos como acontece com a canção Fuji I (Global Dub), em que a banda mostra uma maior aproximação com o rock psicodélico dos anos 70.

O clima quente e vulcânico que se traduz pela capa do álbum não se limita apenas à arte do disco. Em algumas faixas, por exemplo, a banda faz uso intenso da gravação de sons ambientes, principalmente do borbulhar da lava de um vulcão, além do uso de chuva, grilos, e demais registros sonoros da natureza. A utilização destes sons permeia boa parte das faixas, embora funcione de maneira mais natural nas canções mais introspectivas da banda. Com o novo álbum o Akron/Family vai de um oposto à outro de sua sonoridade em questão de segundos, mostrando que a força de suas canções está de volta.

S/T II: The Cosmic Birth and Journey of Shinju TNT (2011)

Nota: 8.2
Para quem gosta de: Dirty Projectors, Grizzly Bear e Animal Collective
Ouça: Another Sky

Por: Cleber Facchi

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.