Disco: “The English Riviera”, Metronomy

/ Por: Cleber Facchi 23/03/2011

Metronomy
British/Electronic/Experimental
http://www.myspace.com/metronomy

Por: Cleber Facchi

Quem já conhece os trabalhos da banda inglesa Metronomy sabe a forma com que o quarteto se orienta no desenvolvimento de seus sons. São raras ou praticamente inexistentes canções acessíveis ou puramente voltadas para um lado mais pop. Tudo parece construído de maneira reclusa, difícil e ausente de caminhos facilitadores para o ouvinte, porém, ainda assim é atrativo se aventurar dentro do universo de texturas eletrônicas que comandam seus discos.

Com o novo disco, The English Riviera (2011), o quarteto britânico se assenta ainda mais dentro de composições voltadas para a música eletrônica, sempre de maneira conceitual, repleta de experimentações, alguns toques de IDM e até de Krautrock. A primeira impressão ao ouvir recente álbum do grupo está em perceber semelhanças com os discos dos vizinhos do Fujiya & Miyagi. Porém, enquanto a banda de Steve Lewis e David Best desenvolve uma sonoridade muito mais pontuada pelo uso de guitarras e inspirando-se na temática proposta por bandas alemãs dos anos 70, o Metronomy fomenta um som bem mais reducionista e recheado de sintetizadores.

Se em seu último trabalho – Nights Out de 2008 – a banda formada por Joseph Mount, Oscar Cash, Anna Prior e Gbenga Adelekan mostrava suas composições inseridas dentro de um pop esquizofrênico, porém ainda assim “fácil”, com esse terceiro lançamento o grupo abraça de vez uma postura mais isolada é quase inacessível. Não há como gostar do álbum logo em uma primeira audição. É preciso tempo para perceber como o grupo foca sua sonoridade, promovendo faixas compostas de pouquíssimas alterações em seu corpo sonoro, mantendo constantemente uma mesma linha direcional.

Embora movendo-se através do uso constante de sintetizadores e guitarras eletrônicas pode-se dizer que esse é o trabalho mais orgânico do grupo. A maneira como as canções são construídas revelam a todo tempo sons pouco sintéticos e mais humanos.

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As constantes batidas que se evidenciavam nos dois trabalhos anteriores da banda são dentro do atual disco substituídas por agrupamentos de sons e camadas múltiplas de instrumentação.

Mesmo nos hits em potencial como The Look e She Wants o quarteto mantém uma postura única, controlada e quase silenciosa. Dificilmente o grupo abre espaço para a entrada de rifes marcantes de guitarras, bips exaltados dos sintetizadores ou mesmo vocais que se evidenciem acima de uma média. Entretanto, mesmo dentro desse universo de sons quase redundantes é impossível não se deixar absorver pela maneira como o trabalho é conduzido.

Do nome à capa e principalmente na sonoridade, tudo dentro de The English Riviera esbanja referências praieiras. Entretanto, enquanto os grupo norte-americanos fazem do tema a necessidade de esbanjar acordes sujos de guitarras e referências no melhor estilo The Beach Boys, o quarteto da cidade de Totnes absorve verdadeiramente todos os elementos relaxantes que emanam das areias e do mar, produzindo um trabalho reconfortante. Pérolas como Trouble demonstram todas essas influências de maneira vívida. É quase possível se imaginar a beira mar degustando um coquetel de frutas enquanto o som do Metronomy toca ao fundo.

Se apreciado dentro de um contexto mais contemplativo e não em busca de um trabalho dançante é possível encontrar no terceiro trabalho do Metronomy um belo refúgio. A forma quase minimalista com que a banda conduz o álbum pode de alguma forma agradar aos interessados na chillwave, embora o quarteto apresente um tipo de instrumentação muito mais calcada no synthpop e livre de ruídos ou formulações lo-fi. Livre-se dos sapatos, passeie descalço pela orla e desfrute The English Riviera.

The English Riviera (2011)

Nota: 7.9
Para quem gosta de: Fujiya & Miyagi, Late Of Pier e These New Puritains
Ouça: The Look

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.