Disco: “The Golden Age Of Apocalypse”, Thundercat

/ Por: Cleber Facchi 22/07/2011

Thundercat
Experimental/Soul/Jazz
http://thundercattheamazing.tumblr.com/

Por: Cleber Facchi

Thundercat

O que os álbuns do Flying Lotus, a epopeia New Amerykah de Eryka Badu, alguns trabalhos de Snoop Dogg ou mesmo os últimos álbuns do Suicidal Tendencies tem em comum? Todos eles contam com a presença de Stephen Bruner, músico e produtor que sob a alcunha de Thundercat acaba de lançar seu primeiro e aguardado álbum, The Golden Age Of Apocalypse (2011, Brainfeeder). Passeando em meio a experimentações eletrônicas, toques nada moderados de funk e soul music, o norte-americano desenvolve um disco suave e que brinca com suas fórmulas acústicas de maneira climática e despojada.

Durante boa parte de 2010, Bruner esteve ao lado de Steve Ellison (Flying Lotus) na divulgação do mais recente trabalho do produtor californiano – o elogiadíssimo Cosmogramma –, auxiliando tanto nas apresentações do produtor, quanto abrindo alguns de seus shows. A parceria, entretanto não ficou limitada apenas aos palcos ou parcos encontros musicais, afinal, o próprio Ellison é quem assume a produção do primeiro álbum de Thundercat, trazendo ao registro de 13 faixas, muito do que é desenvolvido em seus próprios e sempre excelentes trabalhos.

Estabelecido entre nostalgicas composições dos anos 70 e alguns toques de música eletrônica e experimentações instrumentais dos anos 2000, Bruner parte para a construção de um trabalho variado, que bebe de inúmeras referências na busca de elaborar um tipo de sonoridade própria. Dentro desse vasto jogo de estratégias musicais, o produtor amarra sua coleção de sons com algumas claras predisposições aos ritmos do jazz, completando ou ocultando qualquer tipo de lacuna que possa prejudicar sua obra. O resultado desse variado encontro de referências resulta em um álbum leve, descompromissado e cuidadosamente elaborado.

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Por conta da aproximação com os sons da década de 1970 (além de algumas claras passagens pelos anos 80) o álbum corre o risco de ser rotulado como alguma dissidência da chillwave, um claro erro, já que a obra de Thundercat vai além de um emaranhado de sonorizações chapadas ou ritmos esvoaçados. Inegável, entretanto, que faixas como a preguiçosa Daylight acabam puxando o álbum para junto de alguns artistas do gênero, lembrando muito algumas composições do primeiro disco do Neon Indian, contudo de forma mais límpida e completamente distante dos toques de psicodelia que se revelam em alguns trabalhos do estilo.

Embora a presença de Ellison se faça bastante presente ao longo do registro, principalmente através de faixas como For Love I Come e Boat Cruise é a presença e a criatividade de Bruner que de fato predomina no decorrer do registro. Prova disso está na maneira mais solta das composições, como se cada faixa apontasse para um direcionamento diferente, ora voltado ao jazz, ora voltada aos sons da soul music e ora momentos de pura experimentação, algo distante do que o Flying Lotus desenvolve, mantendo sempre uma condução muito firme e que pouco se altera.

Infelizmente, quando se aproxima de seus momentos finais The Golden Age Of Apocalypse começa a resultar em algumas repetições, faixas desprovidas do mesmo ritmo e da mesma agilidade expressa através das composições iniciais, o que obviamente prejudica uma melhor audição do registro. Contudo, a boa fluência de Is It Love?, Daylight, Jamboree e algumas outras boas composições do álbum acabam livrando o disco de qualquer aproximação com o fracasso, mantendo toleráveis os pequenos erros mediante a totalidade do trabalho.

The Golden Age Of Apocalypse (2011, Brainfeeder)

Nota: 7.7
Para quem gosta de: Flying Lotus, Peaking Lights e Long Arms
Ouça: Daylight e Is It Love?

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.