Disco: “The Human Condition”, Jhameel

/ Por: Cleber Facchi 18/05/2011

Jhameel
Indie Pop/Experimental/Singer-Songwriter
http://www.jhameel.com/

Por: Cleber Facchi

 

Vocês já devem ter ouvido a expressão “um artista completo”, mas se ainda não conseguiram compreender seu real significado, então o novo disco do cantor californiano Jhameel deve servir para ilustrar o verdadeiro sentido de tal definição. Cruzando os mais variados tipos de som em uma forma única de beleza acústica, o músico (original de Minnesota e hoje habitante de São Francisco) transforma seu atual registro em uma porta de entrada para um mundo tomado pelo lirismo, experimentações doces e delicadas suavizações pop.

Depois de um trabalho homônimo lançado em 2010, que funcionava como um grande preparativo para o disco seguinte, o musico faz com que seu segundo álbum seja uma obra absoluta, trazendo referências (como ele mesmo aponta em sua biografia) do grupos como MGMT, Phoenix (principalmente dos primeiros discos) e Jonsi. Entretanto, os vários caminhos que convergem para dentro de The Human Condition (2011) trazem elementos ainda mais diversos, que perpassam a world music, a música folk, o experimentalismo e o baroque pop, sempre tomados por uma calmaria policromática que dão ao álbum um toque de matinal, como se cada faixa fosse um raio de sol discretamente surgindo no horizonte.

Embora os caminhos sejam levemente turvos é possível interligar o novo disco do norte-americano com o trabalho da conterrânea Merrill Garbus (tUnE-YarDs), principalmente observando o último disco da musicista, o excepcional W H O K I L L (2010), disparado um dos melhores lançamentos do ano. Entretanto, enquanto a californiana segue desenvolvendo uma sonoridade com foco no expansivo e em uma percussão quase tribal, Jhameel toma o outro lado, desenvolvendo um som ainda mais detalhista e totalmente afastado das aspirações lo-fi e barulhentas de Garbus.

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A beleza do disco revela-se logo na delicada faixa de abertura, Until the Forest Knows, canção que abre em meio aos acordes bem delineados de uma viola, que por incrível que pareça remete aos sons encontrados na música caipira brasileira. Logo os vocais calmos e um cuidadoso arranjo de cordas trazem o complemento que falta à composições, expondo assim todas as tonalidades do multi-instrumentista que a cada novo passo dentro do álbum revela mais e mais diferenciados tipos de sons.

Mesmo que The Human Condition se revele como um trabalho ausente de faixas comercialmente construídas, encontrar composições que exalem um frescor e uma climatização mais pop no decorrer do disco não é tarefa nenhum pouco complicada. A própria faixa título, trazendo elementos  que remetem à Vampire Weekend e ao já mencionado tUnE-YarDs é um bom exemplo disso, demonstrando todo o lado enérgico do álbum. THC (nem é preciso explicar seu significado) é outra que evidencia isso, enquanto Old Words, New Times dá vazão às construções mais ambientais e bucólicas do disco.

Por mais que uma única audição seja o suficiente para que possamos adentrar a obra de Jhameel em sua totalidade, em cada novo ato de apreciar o disco temos uma imagem ainda mais completa do que o músico quer nos passar. A mística desenvolvida pelo artista no decorrer do disco cumpre todas as propostas lançadas em desvendar os “triunfos e desafios da condição humana”, explicitando cada uma dessas condições nos mais discretos ou grandiosos acordes manifestos pelo álbum.

The Human Condition (2011)

Nota: 8.0
Para quem gosta de: tUnE-YarDs, Jonsi e MGMT
Ouça: THC

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.