Disco: “The Hunter”, Mastodon

/ Por: Cleber Facchi 22/09/2011

Mastodon
Progressive Metal/Sludge/Metal
http://www.mastodonrocks.com/

 

Por: Cleber Facchi

É sempre interessante observar o estranho efeito que os lançamentos do Mastodon exercem sobre seu público, ou mesmo até em relação aos meios de comunicação, que buscam analisar seus registros. Capazes de transitar tanto pelo público indie – basta ver a Pitchfork, que a cada novo lançamento se entrega aos pés do grupo -, como pelos amantes do Heavy Metal (principalmente do Sludge Metal) ou mesmo aqueles interessados no rock de maneira geral, a banda vem desde 2004 – quando lançou o memorável Leviathan – circulando com destaque pelo meio musical norte-americano, feito que deve se intensificar ainda mais com o lançamento de seu mais recente e radiofônico trabalho.

Quinto registro na carreira do grupo de Atlanta, Georgia, The Hunter (2011, Reprise/Warner Bros) se distancia visivelmente dos anteriores projetos da banda, algo que se expressa tanto no uso de uma sonoridade completamente melódica e comercial, como pelas letras empurradas por uma força enérgica que chega muito próxima do pop. A diferença dos conceituais registros anteriores é tanta, que até a capa do álbum foge dos padrões estéticos que o grupo vinha desenvolvendo, repassando um caráter menos obscuro e um tipo de contexto que parece mobilizar a banda (e o próprio ouvinte) para a guerra.

As guitarras de Brent Hinds e Bill Kelliher, bem como os vocais marcantes de Troy Sanders são os dois elementos que definem toda a condução do registro, que faz de suas 13 faixas um extenso bloco instrumental que começa com a certeira Black Tongue (primeiro single do disco) e só termina quando os últimos vocais de The Sparrow são finalizados. Fluindo de maneira sempre ascendente, o registro quebra completamente os sons desenvolvidos pela banda principalmente em seu último disco, Crack the Skye, álbum que reforçava a bateria de Brann Dailor, elemento que parecia conduzir todo o disco.

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The Hunter talvez seja o trabalho mais enérgico e acelerado que a banda já desenvolveu desde que sua carreira teve início de fato com o disco Remission de 2002. A melhor prova dessa busca por um som rápido e competente está no uso de faixas mais curtas do que as projetadas nos antigos lançamentos da banda. Enquanto construções épicas como The Last Baron com mais de 13 minutos ou Pendulous Skin, ultrapassando os 20 minutos acabavam por definir os últimos trabalhos do Mastodon, aqui são faixas de três ou quatro minutos que assuem a direção, resultando em um trabalho magro e que seque intenso até seus últimos minutos.

Claro que a busca por canções mais “simples” podem acarretar em fãs decepcionados pela ausência dos já tradicionais paredões de som que a banda vinha desenvolvendo, exposições instrumentais capazes de hipnotizar o ouvinte em poucos segundos. Dessa forma, sempre que possível o grupo manda para cima do espectador algumas sequências de guitarras capazes de colar seu público no teto, músicas como a explosiva Blasteroid (que beira o Stoner Rock) ou Stargasm, que de alguma forma se voltam aos anteriores discos da banda, mas que ainda sim conseguem seguir em desenvolvimento com um tipo de sonoridade um tanto quanto renovada e própria.

Mike Elizondo que produz o disco – e que já mantém uma sólida carreira no hip-hop, trabalhando ao lado de nomes como Jay-Z e Snoop Dogg – é quem surge para dar um toque mais melódico e comercial ao disco, que deve figurar facilmente nas principais paradas musicais pelos próximos meses. Mesmo que opte por um tipo de som e texturas instrumentais contrárias ao que a banda já vinha desenvolvendo (Blood Mountain e Crack the Skye deixarão saudades), The Hunter mantém o mesmo resultado impecável de outrora, apenas apresenta o Mastodon sobre outra ótica e sonoridade, tão ou talvez até mais interessante que a anterior.

 

The Hunter (2011, Reprise/Warner Bros)

 

Nota: 8.3
Para quem gosta de: Baroness, IsIs e Tombs
Ouça: Blasteroid

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.