Disco: “The King Is Dead”, The Decemberists

/ Por: Cleber Facchi 09/01/2011

The Decemberists
Indie Pop/Baroque Pop/Folk
http://www.myspace.com/thedecemberists

Depois de lançada a “obra prima” da carreira de qualquer artista a superação é na maioria dos casos o próximo passo a ser tomado. Passado o lançamento de Picarsque (2005) o The Decemberists chegou com The Crane Wife (2006) tão eficaz quanto o trabalho anterior. Como fazer então para superar duas obras primas lançadas em sequência?

A resposta veio três anos depois com Hazards of Love (2009), porém veio em forma de fracasso absoluto. Público e crítica simplesmente desprezaram o disco que contava com uma sonoridade pretensiosa repleta de repetições e copias falhas dos lançamentos anteriores da banda. Ouvir o disco de 17 faixas até o final, sem acelerar ou pular alguma canção era praticamente um suplício. A tentativa de fazer com que a banda soasse ainda maior que os trabalhos anteriores, embora de maneira completamente superficial deixava a seguinte dúvida: teria Colin Meloy perdido sua inspiração para sempre? A resposta viria dois anos mais tarde com The King Is Dead (2011) com um “NÃO”, assim mesmo, em caixa alta.

Com o novo álbum Meloy e sua banda se desprendem por completo da grandiosidade instrumental dos trabalhos anteriores e abraçam o uso de uma composição acústica, diminuta e voltada inteiramente para a música folk. Uma visível predisposição ao som dos anos 70, além de alguns violões hippies e o contry norte-americano que também se instalam no álbum. O resultado se demonstra através das canções, menos épicas e muito mais diretas. A faixa mais longa conta com pouco mais de cinco minutos, o que dá ao disco um aspecto muito mais dinâmico, desvinculando o grupo dos excessos cometidos no trabalho anterior.

O grupo deixa de lado as afeições pelo rock progressivo para entrar de cabeça em uma instrumentação vivamente inspirada na música regional norte-americana além de ecos do som dos anos 50. Vem então a simplicidade como em All Arise, Dear Avery e na simpática June Hymn. Colin Meloy e sua trupe podem até não admitir, mas andaram ouvindo muito Bon Iver, Fleet Foxes e outras bandas do gênero que surgiram nos últimos anos. A disposição em desenvolver faixas melodicamente voltadas para dar suporte aos vocais se mostra firme em todo o disco.

Há quem possa dizer que o Decemberists não é mais a banda de antigamente, marcada por uma instrumentação plural e repleta de sons e efeitos grandiosos. E quem diz isso está certo, a banda não é mais a mesma, e faz muito bem em se organizar assim. A voz de Meloy vem muito mais límpida e viva do que nos trabalhos anteriores, a instrumentação mesmo simples está muito bem produzida e orientada dentro das faixas, então qual o problema? Irritar-se, pois as faixas não têm mais os mesmos dez, quinze ou vinte minutos de outrora? Reclamar que as canções perderam a “carga dramática” que fizeram a fama do grupo através de suas canções que contavam histórias? Não, a banda mudou e para melhor.

The King Is Dead é o disco perfeito para apresentar o grupo aos novos ouvintes, ou ainda serve para reintroduzir os velhos fãs da banda ao som por eles proposto. As histórias de Meloy ainda estão lá, sua voz característica e alguns toques da instrumentação antiga da banda também. O álbum é apenas simples, mas se bem apreciado se abre em um leque de detalhes tão eficientes quanto dos já clássicos discos anteriores.

The King Is Dead (2011)

Nota: 8.5
Para quem gosta de: Fleet Foxes, The Shins e Bon Iver
Ouça: Down By The Water

Por: Cleber Facchi

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.