Disco: “The Moonlight Butterfly”, The Sea and Cake

/ Por: Cleber Facchi 09/04/2011

The Sea and Cake
Indie/Post-Rock/Alternative
http://www.myspace.com/seaandcake

 

Por: Cleber Facchi

Certas bandas como o The Sea and Cake são praticamente unanimidades dentro do cenário alternativo. Servindo como uma comprovação desse status, o quarteto de Chicago volta inspirado com o lançamento de seu nono disco de estúdio, mais um belo registro, onde uma ambientação marcada pelo post-rock, pequenas inserções de música eletrônica e até o jazz cumprem presença. Em apenas seis faixas (quase um EP) o grupo comprova os motivos de ser um dos maiores nomes do rock indie norte-americano.

Toda a força da banda está obviamente em seus integrantes e na bem gerenciada divisão de tarefas dentro dos álbuns. Começa pela presença do multi-instrumentista John McEntire, também integrante do Tortoise (um dos grupos mais importantes do rock instrumental). Há também Sam Prekop, principal cabeça do grupo e que paralelamente segue em uma boa carreira solo. Quem também conta com uma bem direcionada carreira solo é Archer Prewitt, também integrante do The Coctails e cartunista nas horas vagas. O time fica completo com Eric Claridge, baixista e um dos tecladistas da banda.

Se em trabalhos anteriores o quarteto de Illinois dava forma a um som muito mais calcado na eletrônica e acabavam até alcançando o abstrato, The Moonlight Butterfly (2011) garante uma sonoridade muito mais orgânica e livre de qualquer tipo de excesso. Mesmo nos parcos momentos onde uma pegada mais artificial acaba se manifestando, como em Inn Keeping ou na faixa título, as melodias soam de forma mais natural, menos sintética do que era explorado em outras épocas pelo grupo.

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Talvez por sua extensão (são mais de dez minutos), mas a mesma Inn Keeping é a canção que melhor transparece todas as influências do quarteto norte-americano. A constância nas guitarras, quase em um looping simétrico desponta fácil alguns toques de krautrock, ao mesmo tempo em que a linha de baixo puxa o grupo para o inicio dos anos 90 através da explosão de bandas do post-rock. Os pequenos acréscimos de eletrônica funcionam de maneira pontual e quase matemática, apenas dando complemento ao espesso caldo sonoro criado pelo grupo.

The Moonlight Butterfly é um disco feito para agradar os ouvintes em suas diferentes formas. Aos que buscam por uma sonoridade mais pacata, Monday ao término do trabalho é a canção mais coerente. Já os que pretendem mergulhar nas belas texturas construídas pela banda Lyric e Covers são as melhores escolhas. Até quem busca por faixas ensolaradas ira se satisfazer com Up on the North Shore. Além, é claro, das já mencionadas viagens eletrônicas do grupo.

Desde que a banda voltou em 2007 (após um hiato que durou três anos), quem acabou favorecido foi o público. Na sequência formada por Everybody (2007) e Car Alarm (2008), o The Sea and Cake conseguiu restabelecer a mesma energia e o vigor de seus primeiros lançamentos, ainda no final dos anos 90. Prekop, Prewitt, McEntire e Claridge apenas provam que estão no auge de suas formas criativas com esse atual registro, mostrando que ainda há muito o que produzir pela frente.

The Moonlight Butterfly (2011)

Nota: 7.3
Para quem gosta de: Tortoise, Stereolab e Yo La Tengo
Ouça: Inn Keeping

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.