Disco: “The Party Ain’t Over”, Wanda Jackson

/ Por: Cleber Facchi 16/01/2011

Wanda Jackson
Rockabilly/Country/Rock and Roll
http://www.myspace.com/wandajacksonmusic

Por: Cleber Facchi

Pode parecer bobagem, mas boa parte das pessoas que vão ouvir o novo disco da norte-americana Wanda Jackson, The Party Ain’t Over (2011), só irão atrás do álbum graças a produção do workaholic Jack White. Pode parecer uma bobagem maior ainda, mas o novo disco de Jackson só tem a mesma eficiência e ritmo graças ao pulso firme de White em sua produção. Um trabalho digno de alguém que, embora não tenha vivido os áureos anos 50 e 60, se mostra um apaixonado e profundo conhecedor da sonoridade gerada no período.

Se não fosse a voz de Jackson tudo ali soaria Jack White. Você fica até esperando pela chegada dos vocais tão característicos do músico. Fica torcendo para que entrem aqueles gritinhos estranhos que tanto marcaram as canções do The White Stripes e The Raconteurs, mas calma, por mais que pareça este ainda não é o álbum solo de White. Mas não há como negar. As guitarras sujas são muito mais coerentes para uma banda de punk rock do que para um grupo de rockabilly, contudo funcionam perfeitamente no álbum. É possível afirmar com total certeza que o produtor está se sentindo mais em casa do que em toda a vasta discografia de seus múltiplos projetos paralelos.

Tal qual o belíssimo I’m New Here de Gil Scott-Heron lançado em 2010, o novo disco de Wanda Jackson vem para apresentar a veterana do Rock and Roll a um novo publico, que muito provavelmente deve desconhecer seus trabalhos anteriores. Dona de uma discografia composta por mais de 30 álbuns de estúdio, além de uma infinidade de singles, coletâneas e EPs, Jackson não lançava nada novo desde 2003, quando gravou Heart Trouble. Com uma carreira que iniciou em 1954, a cantora é referência para diversos artistas distintos, como Jenny Lewis, Elvis Costello, Zooey Deschanel e claro, para Jack White. E é preciso concordar, a escolha do jovem Jack para guiar seu novo álbum é sem dúvidas a mais coerente.

O músico conseguiu dar uma aura jovial a uma artista que há mais de 40 anos não apresentava nada profundamente inovador. Contudo, a sonoridade clássica da boa e velha dama do rockabilly ainda se faz presente. Guitarras, o contrabaixo acústico e os pianos correspondem de maneira mais realística possível. Dessa forma Wanda transita com maestria pelos ritmos que fizeram sua carreira. A música country, o blues, o rockabilly e o rock and roll clássico marcam presença, embora venham acompanhados de um profundo frescor. White que toca boa parte dos instrumentos assume com total coordenação o rumo das canções, livrando Jackson de qualquer preocupação e abrindo espaço para que sua voz, mesmo talhada pelo tempo, possa brilhar.

O homônimo álbum começa com a enérgica Shakin’ All Over e só termina com Blue Yodel #6. Ou seja, nada de canções para encher linguiça. Cada faixa começa e termina no tempo certo, nada de enrolação, apenas o bom e velho rock and roll tocando em alto e bom som do começo ao fim. The Party Ain’t Over não é nada como aqueles discos que músicos antigos compõem apenas para arrecadar uma grana e mostrar que ainda estão vivos. Wanda Jackson entrega um trabalho que não só demonstra sua vivacidade como vem para catequizar a nova geração, quase como se ela falasse: “Hey! Isso aqui é Rock de verdade! Aprendam comigo”. E ela tem toda a razão.

The Party Ain’t Over (2011)

Nota: 8.6
Para quem gosta de: Jerry Lee Lewis, The Cramps e Jack White
Ouça: Rip It Up

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.