Disco: “The Romantic Journeys Of Pollen”, Me & The Plant

/ Por: Cleber Facchi 06/06/2011

Me & The Plant
Brazilian/Indie/Folk
http://meandtheplant.com/

Por: Fernanda Blammer

Nada como essas pequenas surpresas que surgem via e-mail e acabam surpreendendo mais do que o esperado. Mais recente e encantador álbum que surgiu em nossa caixa de entrada foi The Romantic Journeys Of Pollen (2011), trabalho de estreia da “dupla” carioca Me & The Plant. A ideia que vem se desenvolvendo desde 2009 ganha forças agora através do projeto encabeçado por Vitor Patalano e seu alterego “A Planta”, que visa produzir suas canções dentro de uma formatação simplista, quase caseira, e letras cuidadosamente “cultivadas”.

O que não falta ao disco são comparações. Há quem os situe dentro do mesmo patamar de grupos do cenário indie pop ou da música folk, como Belle and Sebastian (principalmente pelas letras), Bon Iver ou Fleet Foxes. Outros arremessam o disco para o grupo dos “singer-songwriter”, apontando semelhanças com os trabalhos de Elliot Smith, Nick Cave ou Leonard Cohen. Há ainda quem cite R.E.M., Wilco, Joy Division, Velvet Underground e até Flaming Lips para comparar o que é produzido através do projeto carioca. Entre as inúmeras comparações, algo pelo menos surge como unanimidade: a beleza das canções.

Mesmo que a figura de Patalano surja como o grande centro do projeto são os amigos que o cercam (além dos assertivos complementos por eles proporcionados) o que traz destaque ao projeto. Enquanto Vitor e A Planta assumem os vocais, letras e boa parte da instrumentação que compõem o disco, Rodrigo Barba (Los Hermanos) toma conta da bateria, deixando para Gabriel Bubu (Do Amor) e Marcos Lobato assumirem respectivamente o baixo e os teclados aplicados nas canções. A produção fica por conta de Kassin, que traz ao álbum um caráter comportado e certa dose de intimismo.

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Em suas letras, o compositor desenvolve certa semelhança ao que Stuart Murdoch (Belle and Sebastian) emprega em suas canções, embarcando o ouvinte em um universo repleto de lirismo, sempre trazendo temas que vão do nonsense ao fantástico. Não é necessário se aprofundar muito dentro do disco para perceber tais peculiaridades nas canções. Logo na abertura do álbum o músico já transparece suas letras excepcionais, como na curiosa Death Cheating Tuna Cowboys ou a bizarra e cômica Butcher The Savior.

É dentro da instrumentação de The Romantic Journeys Of Pollen que Patalano e seus parceiros fazem brotar as várias comparações que vem agregando de seus ouvintes. Se em Laziness Behind Linen Curtains II as guitarras ásperas e certa camada ruidosa fazem com que o trabalho penda para um Neutral Milk Hotel mais límpido, em Cordillera Girl há uma completa inversão, com os instrumentos proporcionando um som ameno, lembrando muito Kings Of Convenience ou Club 8. Sobra ainda Elastic Heart, que tempera o álbum com um seguimento bucólico, transparecendo a multiplicidade que se abate sobre as faixas.

À medida que o álbum se desenvolve e os arranjos ganham toques cada vez mais adocicados, torna-se complexo esquivar-se do sentimento propagado pelo Me & The Plant. Sem exageros e dotado de sons construídos na medida, o disco se transforma em um espaço aconchegante, onde faixas como Not The Time, And It Goes Like This, Seagulls, além das demais faixas mencionadas se convertem em sequências de sons convidativos, perfeitos para manhãs ensolaradas ou para melhor aquele dia tenebroso que insiste em não se extinguir.

The Romantic Journeys Of Pollen (2011)

Nota: 7.8
Para quem gosta de: Mallu Magalhães, Rosie and Me e Marcelo Camelo
Ouça: Cordillera Girl

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.