Disco: “The Sea Of Memories”, Pallers

/ Por: Cleber Facchi 13/08/2011

Pallers
Swedish/Electronic/Ambient
http://www.myspace.com/pallers

Por: Fernanda Blammer

Se existe alguém que pode ser considerado o Midas da música sueca, este alguém é Johan Angergard. Equivalente escandinavo de Jack White, o cantor, compositor e dono do selo Labrador Records é parte de um bom número de bandas que ao longo dos últimos anos ajudaram a definir o panorama musical sueco, projetos que vão desde o açucarado Club 8, ao pop e dançante Acid House Kings, até o delicado The Legend. Independente do trabalho em que esteja envolvido, por onde passa Angergard deixa sua sempre notável e essencial presença.

Se ainda faltavam experimentações eletrônicas em sua carreira, essa lacuna acaba de ser suprida com a estreia de The Sea Of Memories (2011, Labrador Records), primeiro trabalho do Pallers, projeto realizado em parceria entre Johan e o músico conterrâneo Henrik Mårtensson. Através de synths suaves e batidas amenas, o recente encontro entre os dois músicos vai em busca de uma sonoridade sempre aprazível, um tipo de som que poderia ser encontrado tanto pelas praias de Ibiza no começo dos anos 90, como em algum clube francês na segunda metade da mesma década.

Através de dez composições, a dupla elabora o que eles mesmos classificam como um “sonho eletrônico”, definição que melhor exemplifica o que pode ser encontrado ao longo de todo registro, afinal, cada uma das frequências ressaltadas pelo álbum parecem fluir como a trilha sonora de um universo onírico, onde corpos flutuam em meio a ambientações quase nonsenses. Diferente daquilo que se encontra nos demais trabalhos de Angergard, o álbum mantém uma linguagem que mesmo suave e delicada se posiciona distante do ouvinte, algo que quebra a tonalidade intimista de seus projetos, principalmente quando nos deparamos com seu trabalho ao lado de Karolina Komstedt no Club 8.

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A musicalidade pacata e minimalista do disco, muito se assemelha com o que é projetado pelo duo norte-americano Patricia Hall e Ian Hicks do Soft Metals, que assim como a dupla sueca traz de volta as mesmas referências do Balearic Beat para dentro de seu trabalho. Entretanto, enquanto o casal americano se especializa na construção de um som levemente dançante e muito mais vasto, o duo escandinavo centraliza seus esforços na produção de uma música estritamente atmosférica e excepcionalmente frágil.

Certas composições como Wired e Years Go, Days Pass, por exemplo, parecem que lentamente vão se desmanchando em seu decorrer, como se a cada novo synth proposto no desenvolvimento da faixa uma batida ou um mínimo trecho vocálico lentamente se despedisse do ouvinte. Essa busca por um som constantemente frágil e simplista acaba transformando o disco em algo acalentador, como se as composições apresentadas fossem lentamente cercando o ouvinte e o aconchegando em suas doces e minuciosas frequências.

Claro que a dupla não abandona os ouvintes em sua trama de sons melancolicamente esparsos. Tanto Humdrum como Come Rain, Come Shine, primeiros singles do disco mantém uma sonoridade menos abstrata em seu conteúdo, funcionando como uma espécie de introdução ao que o duo entregará posteriormente. Embora pareça um trabalho focado em um público muito específico The Sea Of Memories se abre para qualquer tipo de ouvinte, um trabalho que parece pronto para atender qualquer tipo de demanda, mais um disco do qual Johan Angergard tem muito do que se orgulhar.

The Sea Of Memories (2011, Labrador Records)

Nota: 7.5
Para quem gosta de: Soft Metals, Metronomy e Boat Club
Ouça: Humdrum

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.