Disco: “The Stars Are Indifferent To Astronomy”, Nada Surf

/ Por: Cleber Facchi 17/01/2012

Nada Surf
Indie Rock/Alternative/Rock
http://www.nadasurf.com/

Por: Fernanda Blammer

 

Existe uma regra única (e inalterável) que rege todo e qualquer trabalho da tríade nova-iorquina Nada Surf: um grande e marcante hit que movimenta cada novo e sempre insosso trabalho da banda. De Fato, o grupo composto por Matthew Caws, Daniel Lorca e Ira Elliot só alcançou o sucesso mediante a explosão musical gerada a partir do single Popular, lançado em junho de 1996. Uma composição dotada de acordes crescentes, versos falados e um refrão simples, porém, envolvente. Uma faixa que se expandia quando anunciado o momento exato, mecanismo que garantiu sucesso ao grupo, mas que acabou marcando de forma imutável a futura carreira da banda.

De lá para cá alguns rasos singles até conseguiram proporcionar relativa distinção ao trabalho do grupo, faixas como as grudentas Always Love e Inside Of Love, que praticamente convidaram o espectador a dar nova chance aos trabalhos dos norte-americanos, porém, não conseguiram superar a sucessão de músicas mornas e criações pouco inspiradas que atravessavam o restante dos trabalhos do grupo. Completando 20 anos de carreira (a banda foi formada em 1992), o trio busca em The Stars Are Indifferent To Astronomy explorar um trabalho que os afaste da ordem musical de outrora, abandonando por completo a formação de hits fáceis, e explorando a produção de um disco pensado como um todo.

Imediatamente a banda abandona qualquer possível ligação com o indie rock melódico de outrora ao edificar os pequenos monumentos de guitarras propostos em Clear Eye Clouded Mind, faixa que muito se assemelha com os recentes trabalhos do Dinosaur Jr e pouco aproximam os nova-iorquinos das tonalidades pop do passado. Partindo desse princípio musical o vocalista Matthew Caws tenta passear com seus vocais bem direcionados, garantindo uma abertura genuína ao trabalho do grupo, livrando-se de refrões fáceis e apontando que há algo distinto no interior da obra.

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O empenho em promover algo diferenciado, entretanto, dura pouco, já que logo nas duas composições seguintes a banda se orienta para a composição de músicas mais leves, temperadas por pequenas doses de vocais cativantes, mas longe dos exageros grudentos e dos desperdícios de vozes do passado. Mesmo suavizadas, as canções nada remetem ao passado pegajoso do grupo, já que a linearidade proposta pelas guitarras de Caws e a bateria firme de Elliot promovem um composto homogêneo, como se mesmo as mais fáceis canções – e When I Was Young e Waiting For Something são fáceis – partilhassem de uma seriedade distinta e ainda assim envolvente.

A ausência de um grande hit e uniformidade das canções possibilita ao ouvinte passear pela segunda metade do álbum sem desconfortos ou aguardando pela explosão de outra grande composição – característica que talvez diminuísse os anteriores trabalhos do grupo. Dessa forma, é possível observarmos nada razoáveis composições, músicas aos moldes de Teenage Dreams e The Snow In The Mountain, que possibilitam ao disco um toque ruidoso, típico do rock alternativo estabelecido na época em que a banda foi montada.

Se a busca por um som menos fácil e temperado por boas e ativas guitarras chegam a proporcionar novas experiências em relação ao trabalho do Nada Surf, a existência insistente de algumas fracas composições acabam por impedir que o disco cresça para além de certo limite. A letra pouco inspirada de Let the Fight Do the Fighting ou mesmo a desgastada Jules and Jim (uma dessas baladas que usam um casal base como tema para versos românticos e uma instrumentação clichê com direito até a xilofones) acabam puxando o trabalho para a mesmice de outrora, provando que mesmo “renovados” e em busca de um som mais consistente, o Nada Surf ainda precisa evoluir muito para se livrar dos estigmas de qualquer grupo One-Hit Wonder.

The Stars Are Indifferent To Astronomy (2012, Barsuk)

Nota: 5.8
Para quem gosta de: Rogue Wave, Death Cab For Cutie e Phantom Planet
OUça: Waiting For Something

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.