Disco: “The Wilderness”, Explosions In The Sky

/ Por: Cleber Facchi 11/04/2016

Artista: Explosions In The Sky
Gênero: Post-Rock, Instrumental, Experimental
Acesse: http://www.explosionsinthesky.com/

 

A delicada abertura de The Wilderness (2016, Temporary Residence Limited) soa como um convite, uma passagem sutil, aconchegante, para o sétimo e enérgico álbum de estúdio do Explosions in The Sky. Primeiro registro oficial do coletivo texano desde Take Care, Take Care, Take Care (2011), o trabalho que sucede as trilhas sonoras de Prince Avalanche (2013), Lone Survivor (2013) e Manglehorn (2014) mostra o quarteto de Austin em nova fase, provando de temas e experimentos eletrônicos de forma sempre curiosa.

Repleto de texturas e bases instrumentais marcadas pelos sentimentos, o novo álbum traz de volta toda a atmosfera presente em clássicos como Those Who Tell the Truth Shall Die, Those Who Tell the Truth Shall Live Forever (2001) e The Earth Is Not a Cold Dead Place (2003). Composições que rompem com a formatação “ambiental”, talvez morosa, dos últimos discos da banda – principalmente All of a Sudden I Miss Everyone (2007) -, fazendo com que o trabalho cresça a cada novo ato do grupo.

Ainda que as duas primeiras faixas sejam orquestradas de forma econômica, como um aquecimento para o restante da obra, com a chegada de Tangle Formations, terceira faixa do disco, a banda mostra de fato a que veio. São batidas sujas, pianos crescentes e guitarras que interferem diretamente na estrutura de cada canção. Um estímulo para a avalanche de ruídos que cobre Logic Of A Dream, quarta faixa do álbum, e um brilhante resgate do mesmo som catártico que apresentou o coletivo há mais de uma década.

Quinta composição do trabalho, Disintegration Anxiety é outra que se apoia na mesma estrutura projetada pela banda para os primeiros registros de estúdio. Salve a base eletrônica que costura a canção, não seria difícil encontrar a mesma base em outros registros produzidos pelo quarteto. Da forma como as guitarras movimentam de maneira cíclica, passando pelas melodias que crescem e diminuem a todo o instante, tudo flui como um regresso ao começo dos anos 2000.

Com a chegada de Losing The Light, a busca declarada do coletivo por um material essencialmente experimental. São guitarras atmosféricas, pianos e todo um catálogo de ruídos que se espalham de forma sutil ao fundo da canção, criando uma espécie de base para a sequência formada pelas duas faixas que chegam logo em sequência. Um inusitado desdobramento eletrônico que cresce nas batidas e sintetizadores de Infinite Orbit, mas que acaba encontrando conforto na montagem delicada de Colors In Space.

Canção de encerramento do disco, Landing Cliffs nasce como uma espécie de resumo da obra. Enquanto a primeira porção da faixa passeia pelo mesmo som ambiental de Losing The Light e The Ecstatics, guitarras posicionadas ao final da composição resgatam a mesma estrutura de Logic Of A Dream e Disintegration Anxiety. Uma propositada colisão de ideias que não apenas finaliza o registro de forma assertiva, como convida o ouvinte a mais uma vez explorar o imenso universo de formas instrumentais que abastecem The Wilderness.

 

The Wilderness (2016, Temporary Residence Limited)

Nota: 8.0
Para quem gosta de: Mogwai, This Will Destroy You e God is an Astronaut
Ouça: Logic Of A Dream, Colors In Space e Disintegration Anxiety

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.