“The World Is Just a Shape to Fill the Night”, Case Studies

/ Por: Cleber Facchi 15/08/2011

Case Studies
Folk/Indie/Singer-Songwriter
http://www.sacredbonesrecords.com/

Por: Fernanda Blammer

Ao longo dos últimos três anos, Jesse Lortz e a parceira Kimberly Morrison estiveram nos comandos do projeto de folk rock The Dutchess and the Duke, trabalho pelo qual o casal apresentou dois belos exemplares do cancioneiro norte-americano, trançando melodias sofridas, letras dolorosas e uma instrumentação essencialmente acústica. Com o fim da parceria em outubro de 2010, cada um dos integrantes partiu para a execução de novos projetos, sendo Case Studies a mais recente dissidência da antiga banda.

Comandado por Lortz, o projeto segue por um caminho muito parecido com aquele percorrido pelo músico em sua antiga banda, porém, enquanto ao lado da parceira Morrison havia a constante busca por um som que mesmo sofrido emanava alguns sons menos sombrios e excessivamente dolorosos, em The World Is Just a Shape to Fill the Night (2011, Sacred Bones Records) a escolha é outra. O cantor e compositor vindo de Seattle deixa de lado qualquer tom esperançoso ou ensolarado, partindo para um mundo de versos obscuros e trechos que parecem tratar de seus próprios demônios.

Diferente de outros artistas que parecem se ocultar e meio a metáforas e incontáveis analogias através de seus versos, Lortz segue por um caminho contrário, fazendo de suas canções um agrupado de textos sinceros, inteiramente baseado em aspectos sobre sua própria vida ou em menor número acontecimentos próximos dele. O resultado dessa constante exposição de sua própria imagem acaba se traduzindo em um disco amargo, mas que estranhamente vai aprisionando o ouvinte, interessado em saber até onde vai toda a exposição do músico.

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A necessidade de ter total acesso aos dolorosos versos de Lortz, entretanto estão muito mais relacionados ao fato deles estranhamente se ligaram ao cotidiano do ouvinte do que em descobrir fatos sofridos da vida do músico em si. Cada uma das intimistas canções encaixadas ao longo do disco parecem na verdade dialogar sobre o próprio ouvinte, como se o norte-americano destilasse seu sofrimento em algo que pudesse ser repassado, um tipo de lamento que parece se encaixar em diversos fatos da vida do próprio ouvinte, sejam eles términos de relacionamento ou momentos de pura reflexão.

A sonoridade inteiramente acústica e levemente empoeirada torna a intimidade repassada pelo músico ainda mais latente, como se de maneira mágica fossemos sugados para dentro do disco, com  Jesse Lortz declamando seus amargurados versos de frente para o ouvinte. O violão do músico parece ser a grande alavanca do álbum, lentamente sendo acompanhado por novos instrumentos ou elementos musicais, que vão desde um coro melancólico na dolorosa The Eagle, or the Serpent ou um mínimo assobio em The Day We Met, faixa que finaliza o disco de maneira tão soturna quanto sua abertura.

Por mais dolorosas que sejam as audições de The World Is Just a Shape to Fill the Night, o trabalho parece ser um passo muito maior e firma na carreira de Jesse Lortz, algo que incontestavelmente consegue cobrir a lacuna deixada por seu antigo projeto. Embora passa soar de maneira simplista mediante a sonoridade limitada do registro, o álbum é um trabalho que cresce de forma surpreendente em seu decorrer, com cada uma das canções estranhamente se misturando com fatos da nossa própria vida, revelando um disco difícil, porém essencial.

 

The World Is Just a Shape to Fill the Night (2011, Sacred Bones Records)

Nota: 7.8
Para quem gosta de: The Dutchess and the Duke, Bon Iver e The National
Ouça: The Eagle, or the Serpent

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.