Disco: “The Year Of Magical Drinking”, Apex Manor

/ Por: Cleber Facchi 23/01/2011

Apex Manor
Indie Rock/Alternative/Power Pop
http://www.myspace.com/apexmanor

 

The Year Of Magical Drinking (2011) é um trabalho que poderia ser lançado há 20 anos e ainda sim seria bem recebido e soaria coeso. Um desses discos de indie rock típicos dos anos 90, repleto de letras criativas e uma ótima instrumentação que prende o ouvinte logo na primeira faixa. Nas mãos experientes de Ross Flournoy, o álbum se prende em boas composições provando que o ex-The Broken West ainda sabe como criar um bom som para seus ouvintes.

Desde que Flournoy saiu de sua antiga banda em 2009 que ele se manteve recluso e não produziu mais nada. Entregou-se ao álcool, enquanto passava boa parte do tempo trancado em casa se recusando a sair. Passado quase um ano dentro desse regime, o músico que agora reside na cidade californiana de Pasadena saiu do estado de dormência e voltou a compor. Ainda em 2010 lançou o single Under The Gun um belo exercício de Power Pop típico do que era explorado pelo músico em sua ex-banda. A Marge Records, que já conhecia o projeto anterior do músico se interessou pelo som da Apex Manor e o agregou dentro do seu casting de artistas.

O que se vê em The Year Of Magical Drinking é um trabalho experiente que foca no Power Pop de bandas como Big Star, além de uma profunda aproximação com o Teenage Fanclub dos álbuns Grand Prix e Bandwagones, assim como o Pavement pós-Wowee Zowee por conta da divisão eletro-acústica das composições. Para dar vida ao álbum Flournoy foi atrás de Brian Whelan, seu companheiro da extinta Broken West, além de Adam Vine e Andy Creighton.

A produção do álbum ficou por conta de Dan Long, responsável pela coordenação dos discos de grupos como Local Natives, Film School e The Jealous Girlfriend. O produtor conseguiu tirar o máximo das faixas, aplicado a elas um toque simples, embora minucioso na forma como as guitarras são construídas.

O álbum fica claramente marcado por dois tipos de canção. De um lado faixas mais enérgicas, com ótimos arranjos de guitarra e uma sujeira intencional ao fundo das composições. Nisso as músicas ficam muito próximas do que era trabalhado na antiga banda de Flournoy, embora no novo disco elas funcionem de maneira mais natural. Nesse grupo estão incluídas Southern Decline, Under the Gun e I Know These Waters Well, além de outras canções que se situam na primeira metade do álbum.

A outra vertente é articulada por canções mais acústicas em que a banda aplica um maior detalhamento às composições. Mesmo as guitarras quando empregadas vem para favorecer uma instrumentação mais melódica e livre de exageros. Holy Roller, Burn Me Alive e as faixas que fazem parte do fechamento do álbum integram esse grupo. É perceptível também a escolha de uma instrumentação mais Lo-Fi para dar acabamento às canções.

Embora a força principal de The Year Of Magical Drinking esteja centrada na parte inicial do álbum o retorno de Ross Flournoy ao meio musical não poderia se dar de melhor maneira. O álbum mostra uma agradável e melódica sonoridade, em boa parte pela experiência do músico em seus trabalhos anteriores. A estreia do Apex Manor deve garantir pelos próximos anos alguns bons lançamentos, basta esperar.

 

The Year Of Magical Drinking (2011)

 

Nota: 7.8
Para quem gosta de: The Broken West, Teenage Fanclub e Pavement
Ouça: Under The Gun

Por: Cleber Facchi

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.